Thursday, June 27, 2013

Tempo


Hoje é o aniversário de uma das minhas pessoas imprescindíveis. Conhecemo-nos há oito anos, embora pareça que nos conhecemos desde sempre. Crescemos juntas, nós e mais uns quantos. Vivemos de tudo. Desde o susto das nossas vidas quando resolvemos ficar em minha casa quando esta ainda não estava mobilada e a rega automática começou às 3 da manhã (depois de termos estado a ver filmes de terror), aos melhores verões da nossa vida, com gargalhadas na praia até às tantas da manhã e caminhadas poucas horas depois. Lado a lado sonhámos. Lado a lado descobrimos o que queríamos fazer da vida e lutámos para o conseguir. Apesar de termos umas centenas de quilómetros a separar-nos na maioria dos dias, partilhámos o bom e o mau. Com telefonemas de alguns minutos a algumas horas, com cafés marcados em cima da hora, com saídas de verão, idas para a biblioteca e férias juntas na praia, conseguimos manter-nos imprescindíveis uma à outra apesar da passagem do tempo. E quando decidi fazer um interrail no meu último verão de três meses não tive dúvidas de que era uma experiência que queria partilhar com ela. Porque crescemos juntas e quero continuar a crescer. Hoje é o aniversário de uma das minhas pessoas imprescindíveis. E provavelmente é o último em que a tenho a poucos quilómetros. Porque o tempo passa e as pessoas crescem e os sonhos são condicionados pela vida. As centenas de quilómetros vão se transformar em milhares. E os comboios que nos separam vão ter de ser substituídos por aviões daqueles que ainda demoram algumas horas a chegar ao destino. E os telefonemas vão ter de ser substituídos por conversas via skype. E não vão existir cafés marcados em cima da hora, nem idas para a biblioteca e talvez nem férias juntas na praia. Mas vão existir postais e cartas e visitas de quinze dias de vez em quando e tantas outras coisas que havemos de inventar para continuarmos imprescindíveis. Porque não há muitas pessoas realmente boas no mundo, mas ela é uma dessas.

Parabéns, Fisgas. Que o tempo e a vida não faça desaparecer a criança traquina com uma fisga no bolso que tens dentro de ti.

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