Friday, December 27, 2013

A dada altura, na minha adolescência, passei por uma fase menos boa da minha vida. Fiz os meus pais passar por alguns maus bocados, e fiz com que eu própria passasse por eles. Muitas pessoas tiveram conversas sérias comigo nessa altura. Queriam perceber o que se passava; queriam que eu visse que nem tudo era mau, que havia muitas coisas pelas quais eu devia estar grata. Guardo comigo grande parte dessas conversas, ainda que na altura não lhes tenha dado grande valor.
Muitas dessas conversas foram com os meus pais, que nessa altura disseram coisas mais acertadas do que o que eles podem imaginar. Numa dessas conversas alguém me disse: "Sabes, Inês, tu ainda não sabes, mas ainda não és a pessoa que vais ser. Os próximos dez anos da tua vão condicionar quem és nos restantes sessenta; se trabalhares nos próximos dez anos pelos teus objectivos, se estudares, se cultivares as amizades, se te regeres pelos valores que te ensinámos, a probabilidade de teres uma vida menos boa é baixa. Agora, se optares pelo caminho mais fácil, se achares que trabalhar não compensa, que é melhor ficar isolada do que ter amigos, daqui a uns anos vai ser mais difícil. A vida não é um sprint, é uma prova de fundo."

Os dez anos acabam mais ou menos por esta altura.

Hoje sou eu que digo a mim mesma: "O próximo ano da tua vida vai condicionar os restantes cinquenta. Por isso trabalha. Estuda, aplica-te, define um objectivo e trabalha para o atingir. Isto não é um sprint, é uma prova de fundo."

Friday, August 23, 2013

InterRail 2013

Foram vinte e dois dias. Vinte e uma viagens num total de mais de oitenta horas. Onze cidades diferentes, em nove países. Muitos sítios diferentes e novos, muitas línguas (embora o inglês tenha claramente sido a mais falada), muitas comidas tradicionais. Também muito pão com paté, ervilhas com atum e fruta, que o dinheiro não cresce nas árvores. Muitos quilómetros percorridos a pé, muitos de metro e autocarro, incontáveis quilómetros percorridos de comboio. Acima de tudo, muitas memórias que vão ficar para sempre. Muitas gargalhadas e muita parvoíce. Gostei da experiência e recomendo vivamente a quem tenha a oportunidade.


Sunday, July 28, 2013

Das coisas que eu nunca vou perceber:

Casais em que uma das pessoas chama "bebé" à outra. O que é isto? Uma maneira dissimulada de mostrar que há um grau elevado de dependência?

Tuesday, July 16, 2013

A última semana foi das piores da minha vida. Lido mal com a incerteza. Lido mal com o falhanço. E nessas alturas o meu modo de coping é fazer planos para se tudo correr mal, partir do pressuposto de que tudo vai correr mal e pensar no que fazer. Por isso na última semana, rodeada da sensação de não ser o suficiente, não saber o suficiente, não dar o suficiente de mim, fiz planos. Estudar Medicina Legal e inglês num semestre, fazer voluntariado num qualquer país no outro. Eu sou assim.

Nestas alturas descobrem-se os verdadeiros amigos. Aqueles que sabem o que dizer e o que fazer. Aqueles que dão apoio, que sabem não falar do que não é preciso mas ajudar a esquecer aquilo quanto ao qual (já) não há nada a fazer. É bom saber que eles existem. É bom saber que há amizades assim, (quase) incondicionais. 

A cadeira ficou feita. Os planos B que criei não vão ser postos em prática. Mas aquilo que tudo isto me ensinou tem uma utilidade. Não sou cristã e por isso não acredito que o sofrimento é bom. Não digo que o balanço foi positivo - não foi. Mas consegui tirar algo de bom de isto tudo: percebi realmente o que são pessoas imprescindíveis. A todas elas um muito obrigada.

Monday, July 8, 2013

A frustração

Chumbei a Medicina Legal.

(Acho que nunca tive um começo de um post tão fantástico.)

É basicamente isso. Já não chumbava a cadeiras há 3 anos (altura em que chumbei com 9,4 a Neurociências - no ano seguinte acabei Neurologia com 17, pormenores). Tive mais de 15 nos monstros deste ano. E chumbei a Medicina Legal, que é uma cadeirinha da treta. O mais ridículo? Eu até tinha estudado. Fiquei em casa a estudar quando podia ter ido para a praia. E agora tenho dois dias e nem sei bem o que vou fazer.


O engraçado é que o sentimento é um bocadinho diferente do de há dois anos. Claro que me paira na cabeça o medo de não ter passado ao exame que ainda não recebi a nota. Claro que me passa pela cabeça que posso chumbar na quinta-feira - e que isso é uma merda. Mas enquanto há 3 anos o sentimento era de tristeza, agora é mesmo só frustração. Porque estudei. Porque me esforcei. E sim, eu sei que a vida é mesmo assim, mas é uma merda.


(E irrita-me um bocadinho que digam que só calhei no monte errado; que o meu exame foi visto na altura errada; que tinha de ser alguém e (infelizmente) fui eu. Porque isso implica que não há nada que possa fazer. E esse sentimento é ainda pior.)

Sunday, June 30, 2013

Um dia gostava de conseguir perceber este fenómeno: as épocas de maior trabalho são as alturas em que tenho mais ideias de coisas a fazer no futuro próximo. Só nos últimos 15 dias apaixonei-me por imensas coisas que quero começar a fazer assim que os exames acabarem (o que não vai acontecer, porque tenho de trabalhar na tese e começar a empacotar a tralha acumulada nos últimos 5 anos, mas pronto). Aqui ficam alguns exemplos:


1) Geometric Paper Torso

Digam lá se isto não é absolutamente fabuloso. Segundo o autor demora cerca de 3 meses a ficar completo, por isso pensei começá-lo quando estiver em casa. Parece-me que cortar, dobrar e colar pode ser bastante relaxante, e isto pode ser o meu hobbie para o próximo ano (juntamente com algum desporto - ainda estou a pensar o quê). De qualquer modo ficam aqui as instruções para quem estiver interessado.




2) Planear o InterRail

Os bilhetes para Paris estão comprados, o percurso está mais ou menos definido e é isso. Ainda não temos hostels, ainda não fizemos listas de sítios a visitar, lista do que levar e ainda não comprámos os bilhetes do InterRail propriamente ditos. E é daqui a um mês. E eu não vou stressar, mas assim que acabar esta época de exames vou começar a tratar disso. Com urgência.



3) Ensinar a minha afilhada a jogar ao elástico.

Era das minhas brincadeiras preferidas, quando era criança. Passava horas a jogar ao elástico com os meus irmãos e os meus vizinhos. Quando estava sozinha com a minha irmã prendíamos o elástico nas pernas de duas cadeiras e brincávamos as duas. Quero arranjar tempo de qualidade com a minha afilhada para a ensinar a jogar. Já lhe comprei um elástico, cor-de-rosa como ela gosta (nisso não sai à madrinha), e da próxima vez que estiver com ela já temos plano :)





4) Organizar as fotografias

Se forem como eu têm milhares de fotografias tiradas nos últimos anos, espalhadas entre pastas organizadas no computador, a pasta das transferências, o disco externo, pens diversas e... nunca encontram "aquelas fotografias específicas do jantar em casa de não sei quem há dois meses". Chega. Assim que tiver tempo vou organizar isso tudo e criar uma pasta específica no disco externo, organizada por ano, grupo de amigos/família e situação. Tem de ser.


5) Ler

É ridículo, mas tenho dezenas de livros em casa que nunca li. Alguns são dos meus pais, outros são meus. São aqueles que eu quero mesmo ler, mas que comprei em época de exames e não deu. Aqueles que me foram oferecidos nos anos ou no Natal (altura em que recebo sempre 2 ou 3) e comecei por ler outro e nunca mais me lembrei. Este é o plano mais difícil. Adoro ler, mas enquanto estudo ando demasiado cansada. Podia aproveitar o InterRail, mas o peso não compensa. Por isso vou aproveitar nas poucas semanas que por cá estiver.


E é basicamente isto (entre muitas outras ideias que me vão surgindo como receitas novas para experimentar, cafés novos para estrear, sítios onde ir, ...). Mas claro que antes disto tudo tenho dois exames para fazer, por isso vou mas é voltar ao estudo.

Thursday, June 27, 2013

Tempo


Hoje é o aniversário de uma das minhas pessoas imprescindíveis. Conhecemo-nos há oito anos, embora pareça que nos conhecemos desde sempre. Crescemos juntas, nós e mais uns quantos. Vivemos de tudo. Desde o susto das nossas vidas quando resolvemos ficar em minha casa quando esta ainda não estava mobilada e a rega automática começou às 3 da manhã (depois de termos estado a ver filmes de terror), aos melhores verões da nossa vida, com gargalhadas na praia até às tantas da manhã e caminhadas poucas horas depois. Lado a lado sonhámos. Lado a lado descobrimos o que queríamos fazer da vida e lutámos para o conseguir. Apesar de termos umas centenas de quilómetros a separar-nos na maioria dos dias, partilhámos o bom e o mau. Com telefonemas de alguns minutos a algumas horas, com cafés marcados em cima da hora, com saídas de verão, idas para a biblioteca e férias juntas na praia, conseguimos manter-nos imprescindíveis uma à outra apesar da passagem do tempo. E quando decidi fazer um interrail no meu último verão de três meses não tive dúvidas de que era uma experiência que queria partilhar com ela. Porque crescemos juntas e quero continuar a crescer. Hoje é o aniversário de uma das minhas pessoas imprescindíveis. E provavelmente é o último em que a tenho a poucos quilómetros. Porque o tempo passa e as pessoas crescem e os sonhos são condicionados pela vida. As centenas de quilómetros vão se transformar em milhares. E os comboios que nos separam vão ter de ser substituídos por aviões daqueles que ainda demoram algumas horas a chegar ao destino. E os telefonemas vão ter de ser substituídos por conversas via skype. E não vão existir cafés marcados em cima da hora, nem idas para a biblioteca e talvez nem férias juntas na praia. Mas vão existir postais e cartas e visitas de quinze dias de vez em quando e tantas outras coisas que havemos de inventar para continuarmos imprescindíveis. Porque não há muitas pessoas realmente boas no mundo, mas ela é uma dessas.

Parabéns, Fisgas. Que o tempo e a vida não faça desaparecer a criança traquina com uma fisga no bolso que tens dentro de ti.

Sunday, June 23, 2013

A oral na sexta-feira correu melhor do que eu pensava, e ainda estive alguns minutos à espera de acordar. Mas parece que foi mesmo assim, e o maior monstro deste semestre está arrumado. Agora faltam três menos maus, daqueles para os quais dá para estudar com companhia numa esplanada qualquer, daqueles que moem mas dificilmente matam. E estou a quinze dias de estar de férias e só me apetece cantar.

Thursday, June 20, 2013

Ei-la. A noite antes da oral chegou e promete ser igual a todas as noites antes de orais. Sei que estudei. Sei que estou preparada. Sei também que às vezes é uma questão de probabilidades...


Que a sorte esteja do nosso lado.

Sunday, June 16, 2013

No início da minha adolescência tinha ataques de ansiedade. Tudo começava com um problemazinho qualquer, uma coisa mínima, sem importância nenhuma, que eu sobrevalorizava e achava que não ia ter solução (os adolescentes pensam assim, muitas vezes). O problema é que, sem eu dar conta, começava a pensar em tudo o que podia correr mal, a todos os níveis. O meu problema deixava de ser aquela questão pequenina inicial, mas passavam a ser todas as questões possíveis e imaginárias. Nessa altura começava a hiperventilar, deixava de sentir as mãos e os pés e a ponta do nariz, começava a sentir a cabeça a andar à roda e, se não me deitasse e me acalmasse caía para o lado. Demorei muito tempo a perceber o que se passava. Fiz exames a tudo e mais alguma coisa, até se perceber o que era. Quando se soube fui encaminhada para um psicólogo, que entre outras coisas me ensinou a controlar os meus pensamentos, a não deixar que o pânico se instalasse. Foi nessa altura que me ensinou a imaginar que estava noutro sítio, um lugar que varia de pessoa para pessoa mas que, segundo ele, costuma ser algo como uma praia. E foi assim que comecei a saber lidar com o stress. Quando a minha cabeça começava a ficar cheia de problemas fechava os olhos e imaginava-me sentada na areia, numa praia em fortaleza ao final da tarde, com o sol a dar-me nas costas e uma aragem mais fresca a levantar ao de leve os meus cabelos. Por estranho que pareça, resultava. No início não era muito fácil, mas passado pouco tempo já conseguia chegar àquela praia quase instantâneamente. 

Os anos passaram e deixei de precisar disso. A minha adolescência acabou, tornei-me uma pessoa mais segura, menos pessimista, aprendi a controlar a minha cabeça e a rir-me quando começo a exagerar. Não sou uma pessoa ansiosa, nunca mais fui a um psicólogo e de vez em quando até me esqueço que algum dia fui assim. Numa das tardes que passei em São Tomé, por razão nenhuma, lembrei-me dessa história. Estavamos a voltar de um dos nossos passeios de domingo à tarde, nesse dia ao norte. Tínhamos as janelas abertas para não ligarmos o ar condicionado, e o calor ainda se fazia sentir. Não me lembro ao certo do que tinha vestido, mas era manga cava, e o sol aquecia-me o ombro esquerdo, de uma forma estranhamente agradável; tinha o cabelo solto, que voava apesar da baixa velocidade (quem conhece São Tomé sabe que ir a 60 km/h já é uma aventura). O Yu mudou a estação de rádio, e a 'She will be loved' começou a ressoar. Calámo-nos e assim ficámos até ao início do refrão, altura que as nossas vozinhas estridentes se juntaram à música. E foi aí que me lembrei de tudo o que vivi. Pensei quão incrível era alguém que outrora via o que podia correr mal em tudo estar ali, naquele país, num carro de um amigo que conhecia há uma dúzia de dias, a percorrer estradas esburacadas, vistas que não lhe diziam nada, mas que lhe traziam um sentimento tão aconchegante. E senti uma felicidade tão grande que não soltei uma lágrima por pouco. E senti uma felicidade tão grande que decidi: se algum dia voltar a precisar de um lugar para onde me transportar quando a minha cabeça começar a ficar demasiado cheia, é para este momento que venho. E, embora ainda não tenha precisado, de vez em quando volto lá. Fecho os olhos e volto a viver aquele momento: o sol a aquecer-me o ombro, o cabelo a voar, o Yu a mudar de estação, a 'She will be loved', as nossas vozinhas estridentes e as gargalhadas de todos assim que a música acabou. E nesse momento sou muito, muito feliz. 

Friday, June 14, 2013

Irmãos.






Cada vez mais acho que com os nossos irmãos somos sempre crianças: continuamos a guerrear por razão nenhuma, mas ai daquilo que se meta com eles. 

Thursday, June 13, 2013

O meu cérebro não funciona bem em vésperas de exames

por isso, se me apresentarem duas pessoas novas, uma portuguesa e uma não, e me deixarem com elas 30 segundos numa sala eu sou bem capaz de falar português com a pessoa que não pesca nada de português e responder em inglês quando o português me diz alguma coisa.


(É por essas e por outras que eu sou apologista de: se está uma pessoa que não fala português, toda a gente fala inglês que é para nos entendermos todos.)


(Também sou apologista de não ter pessoas que não conheço em minha casa em véspera de exames, mas isso é toda uma outra conversa)
Espectacular, espectacular é inscrever-me no elearning* de uma disciplina na véspera do exame.



*O elearning é uma plataforma onde algumas disciplinas põem os slides e isso. Em minha defesa, nós também pomos os slides num skydrive do ano (são é, geralmente, slides mais antigos).

Monday, June 10, 2013

Imaginação inconsciente

Ainda faltam 11 noites até à oral de Medicina II e o meu cérebro já conseguiu arranjar maneira de sonhar com duas formas de chumbar na oral (a de hoje envolveu ter uma doente com leucemia e perguntarem-me linfomas). Até estou curiosa para ver as formas que aí vêm...


(A Jo conseguiu sonhar que chumbavamos por nos perguntarem soros e alimentação parentérica, sendo que eu nem sabia que a oral era nesse dia. Não me parece que eu vá conseguir bater isso)

Saturday, June 8, 2013

Sou uma naba total no que diz respeito a gás, caldeiras, e outras coisas que tal. Quando andaram a distribuir a inteligência para essas coisas eu devia estar distraída e não sobrou nada para mim. Quando digo que sou naba, é naba mesmo. Naba ao ponto de não saber olhar para uma torneira do gás e ver se está ligada ou desligada. Quando tem aquele manípulozinho ainda sou capaz de pensar um bocadinho e fazer a comparação com o manípulozinho dos sistemas de soros e tentar 'adivinhar', mas na verdade nunca cheguei a perceber se funciona da mesma forma ou não. 

E porque é que digo isto agora? Porque resolvi vir fazer um retiro de estudo para a terrinha e estou sem água quente e sem fogão. E já liguei e desliguei torneiras, e tentei todas as combinações possíveis e imaginárias de posições das três torneirinhas, e nada! Até que desisti e vim estudar, porque a minha vida não é esta. 

O que vale é que tenho um sistema fantástico que me resolve estas situações. Chama-se 'telefonar ao Pai'. A única questão é que só serve fora do horário de trabalho... 

(Eu juro que quando viver numa casa sozinha vou fazer o meu próprio manual de instruções para este tipo de coisas)

Monday, June 3, 2013

Cinco razões que hoje me fazem sentir velha:
1- O meu afilhado mais novo já anda a escrever histórias clínicas
2- A minha 'caloirinha' já vem falar comigo sobre linfomas do Sistema Nervoso Central (como se eu soubesse alguma coisa sobre o assunto)
3- As coisas de jeito que constavam nos planos eleitorais das duas listas que concorrem à AE eram coisas que já não me vão ser úteis
4- Sexta-feira tenho um almoço chamado 'Adeus aulas de Medicina (às quais não fomos)'
5- Hoje foi o primeiro dia da minha última semana de aulas (de sempre!*)




*A não ser que faça um doutoramento ou assim, o que não está de todo nos meus planos

Sunday, June 2, 2013

-And if I have to go, will you remember me?



Hoje é dia de Tom Waits como banda sonora.
(Se não conhecem Tom Waits façam um favor a vós mesmos e procurem no youtube. Comecem pela If I have to go, And I hope that I don't fall in with you, You can never hold back spring e quando derem por vós até a Bad liver and a broken heart é bonita)

Friday, May 31, 2013

Enquanto criança foi-me dado um ninho e fui ensinada a voar.

É essa a razão pela qual não consigo estar muito tempo em casa nem muito tempo longe dela.

Tuesday, May 28, 2013

Eis o e-mail que me apetecia enviar hoje

Caro Professor,

A ideia de que dar dois dias a toda a gente no início do semestre para se fazer um trabalho porque assim 'toda a gente está em pé de igualdade e faz o trabalho no mesmo tempo' é estúpida. Honestamente já não me lembro de nada do que fiz há dois meses e apresento daqui a dois dias.

Sinceramente,
IML

PS- A sua disciplina é parva e também não gosto particularmente de si.

Sunday, May 26, 2013

O meu futuro gato morreu.

Ainda não disse aos meus pais, mas cheira-me que a resposta vai ser: Viste? Eu disse-te que não durava um ano... 

Saturday, May 25, 2013

Conselhos para quem algum dia for vasculhar processos (vulgo projecto de investigação)

1- quando te derem a lista de doentes guarda-a bem. Em mais do que um sítio. Em algum sítio para além da pen ranhosa e a versão impressa. (porque pronto, as folhas podem desaparecer e a pen ficar louca e apagar dados. Mas pronto, não tem mal nenhum desde que já tenhas colhido os dados todos. excepto se... ver ponto 2)

2- testa a tua folha de colheita de dados porque pode-te ter faltado um pormenor qualquer (digamos, sei lá, o sexo!), e quando dás conta até começas a pôr, mas tens uma série de processos para trás em que não o puseste (mas não tem mal, porque vês o sexo pelo nome na lista de doentes, e até podes fazer isso depois; a não ser que.. pois... tenhas perdido a lista de doentes.)

3- faz a divisão dos processos entre as pessoas com tempo. (Pode acontecer que alguém fique com uma amigdalite - oh, a ironia! - dois dias antes do tempo limite para ter os dados informatizados, não vá mais à faculdade e more no fim do mundo e tu tenhas de trabalhar mais 30 processos do que o que devias.)


E é mais ou menos isto. De certeza que nas próximas duas semanas tenho mais conselhos, mas para já é (só) isto.


Thursday, May 23, 2013

Aconteceu nos quinze minutos de pausa depois de estarmos três horas a colher dados de processos no computador. Decidimos que estava na altura de um café e dirigimo-nos à máquina mais próxima, na sala de espera da Urgência Pediátrica. Quando lá chegámos estavam duas crianças de 7 ou 8 anos a carregar aleatoriamente nos botões. Sorri, disse 'Posso tirar um café?', introduzi o dinheiro, seleccionei a opção 'Café Pingado' e conversei 20 segundos com a minha colega. Quando a máquina apitou a miudinha pergunta-me: 'Posso tirar o café dali?'. Acenei com a cabeça. Ela levanta a tampinha, põe a mão no copo e eu digo 'Cuidado, está quente!'; tira a mão rapidamente, sorri-me e eu tiro o café da máquina. A minha colega introduz o dinheiro, selecciona a opção 'Café Cheio', conversa comigo 20 segundos, a máquina apita, a miudinha pergunta 'Posso tirar o café dali?', a minha colega diz 'Cuidado, está quente!', a miúda sorri, põe a mão no café... e deixa cair o copo dentro da máquina. A minha colega diz-lhe: 'Eu disse-te que estava quente...'; resposta da miúda: 'Oh, não tem mal, pois não? Podes pôr outra moeda que sai outro café!'. Foi tão natural, que não conseguimos não rir. E volta ao início: põe a moeda, selecciona a opção 'Café Cheio', 20 segundos de conversa, a máquina a apitar, e a miúda pergunta: 'Posso tentar agora? Só para ver se consigo...'. Desta vez olhei para o meu bolso, vi que não tinha mais moedas (e a minha colega também não) e tivemos de dizer que não. Mas gostei da  persistência da miúda.

Sunday, May 12, 2013

há dias em que preciso de espaço para mim.

tenho saudades de viver sozinha e decidir do meu dia.




hoje o máximo que posso fazer é trancar a porta do quarto, pôr uma música nos ouvidos e ignorar o resto do mundo.
estou cansada.

Wednesday, May 8, 2013

Aceitam-se sugestões



Há nova companhia lá para casa. Aceitam-se sugestões para nomes.

Para já estão em (grande) discussão os seguintes:
- Alheira
- Truflas


PS: de notar que os nomes das minhas cadelas são coisas muito invulgares. Uma é 'Um', outra 'Dois e outra 'Castanhiça'.

Tuesday, May 7, 2013

Uma das piores coisas que ser aluna de Medicina tem é não poder dizer 'Vais ver que vai correr tudo bem' como se faz quando alguém tem um problema de saúde, por sabermos que a probabilidade de não correr é grande.

Saturday, May 4, 2013

As saudades

Passou pouco mais de meio ano desde que vim de São Tomé e estou cheia de saudades. 


Saudades de tardes de domingo passadas assim, a dar um mergulho em cada praia por onde passávamos.


Saudades das macacadas das crianças com quem nos cruzávamos (e até das suas vozinhas a gritar 'Dôxi! Dôxi! Dôxi!'.


Saudades das praias, do sol e do calor.



Saudades dos golfinhos.


Saudades das cascatas, cada uma mais bonita do que a outra!


Saudades de regatear no mercado 3 pimpinelas e 5 malaguetas
(mas não tenho saudades do cheiro do mercado).


Saudades das nossas senhoras da fruta, onde passávamos todos os dias depois do trabalho.


Saudades da fruta maravilhosa ao mata-bixo, maracujás absolutamente perfeitos e mangustão, a melhor fruta do mundo que nunca mais voltei a comer.


Saudades da banana frita, o acompanhamento perfeito para tudo!



Saudades daquela que foi a minha casa por cinco semanas.


Saudades até do 'transporte colectivo' do hospital, onde cabia sempre mais uma pessoa.


Saudades das peculiaridades do Hospital (isto é o vestiário do bloco operatório da Ginecologia - não, não é uma parte do vestiário, a foto mostra mesmo tudo)





Hoje acordei com saudades e com vontade de voltar. Tenho saudades das paisagens e dos sabores e dos sentires daquela terra. Tenho saudades das pessoas que lá conheci. Imensas saudades do Yu e de lhe fazer cafunés e rir das suas palermeiras. Hoje se pudesse apanhava um avião e voltava lá, só para matar saudades.

Wednesday, May 1, 2013

Não imaginam a quantidade de vezes que comecei a escrever isto nas últimas semanas, para depois apagar e dizer: 'escrevo depois'.

Decidi que este é o meu último ano em Lisboa. A minha faculdade dá-me a oportunidade de ir fazer a grande maioria dos estágios em casa, por isso em Novembro volto para a 'terrinha'.

Tenho andado bastante preocupada com essa decisão, tenho medo de me sentir sozinha, de não me adaptar ao Hospital, de não saber voltar para casa dos pais. Mas acima de tudo tenho medo de 'perder' a ligação aos meus amigos de Lisboa - afinal, o sexto ano é um ano de estudo intensivo e não vai ser a mesma coisa estar à distância de um telefonema.

Apesar disso sei que esta é a decisão acertada: vou ter imenso para estudar, vou andar com humor daqueles que só os meus pais aturam (que remédio têm eles), e vai ser bom ter a comida feita, a roupa lavada e não estar rodeada de pessoas em stress, constantemente a perguntar que capítulos já li, qual é o meu esquema de cores e se estou a resolver perguntas no fim do capítulo ou não. E não vou estar sozinha: alguns amigos meus ficaram a estudar por lá e outros acabam agora o curso e devem voltar para casa.

Mas se sei isto tudo, se sei os pontos positivos e os negativos de ir e de ficar, se já os pesei e sei que o melhor é ir, porque é que fico taquicárdica de cada vez que penso nisso?

Wednesday, April 24, 2013

'De noite tudo são sombras.
E eu por elas hei-de andar.'

Monday, April 22, 2013

Há tempos um amigo meu disse-me que ouviu uma colega minha com quem eu estava a fazer um trabalho de grupo a dizer que eu era muito exigente, talvez exigente de mais para aquilo que o trabalho valia. Não vou mentir, sou exigente. Mas não sou mais exigente com os outros do que o que sou comigo mesma. Sempre fui assim. No ciclo toda a gente queria trabalhar comigo para ter boa nota, até perceberem que comigo tinham de trabalhar e que eu não fazia o trabalho por ninguém. No secundário a minha turma era melhorzinha, os grupos de matemática eram feitos pela professora pelas notas do teste anterior, e para os outros grupos juntávamo-nos sempre meia-dúzia com mais ou menos os mesmo objectivos, pelo que as coisas corriam bem. A única excepção foi um trabalho facultativo de biologia, em que o professor fez os grupos. Um dos elementos do meu grupo não apareceu em reunião nenhuma, o que fez com que decidíssemos não pôr o nome dele no trabalho. Não foi sugestão minha, mas eu concordei. Toda a turma ficou chocada, mas eu continuo a achar que foi a decisão correcta: o trabalho era facultativo, tínhamos todos 17 anos e só andava ali quem queria. Ele não foi prejudicado, só não foi beneficiado. Desde essa altura que não gosto de trabalhos de grupo.
A faculdade veio aumentar esse sentimento. Já apanhei de tudo: pessoas que não sabem nem querem saber, pessoas que até querem saber mas não sabem nada, pessoas que sabem e querem saber. Alguns correram bem, outros correram menos bem. Trabalhei algumas vezes pelos outros. Até que me fartei e decidi que não o ia fazer mais: saímos todos médicos e eu não tenho obrigação de fazer mais do que os outros. A verdade é que há semestres em que é difícil gerir o tempo, entre o que se gasta em aulas, no estudo, e nos trabalhinhos de grupo, as 24 horas do dia parecem não chegar, e ainda há que juntar a isso alguma vida pessoal. Apesar de tudo a faculdade é a minha prioridade, e o tempo para a vida pessoal é o que sobra quando o resto está feito. Nem toda a gente pensa assim, e isso custa-me a perceber, porque para mim há um princípio básico: a vida pessoal das outras pessoas tem o mesmo valor do que a minha.

Sunday, April 21, 2013

A todos aqueles que gostam dos Beatles, recomendo vivamente!

(Recomendaria a sessão na Cinemateca Júnior, mas foi ontem)

Thursday, April 18, 2013

Lembro-me do dia em que o meu irmão a recebeu. Uma amostra de cão, um monte pequenino de pêlo, que nem ladrar sabia. Cresceu connosco. Pregou-nos alguns sustos, um dos quais grande o suficiente para telefonarmos de urgência à veterinária a meio da noite e ela nos dizer para nos despedirmos antes de a levar para o bloco operatório. Salvou-a. Desde então de vez em quando contavamos a idade dela em 'anos que enganou a morte'. E foram muitos. Foi uma cadela perfeita, uma grande amiga de todos lá em casa. Só alguém que tenha um cão assim sabe a dor que sinto hoje. Foram 15 anos, o que corresponde a quase toda a vida de que me recordo.


(É nestas alturas que eu gostava de acreditar num céu para onde as pessoas e os cães vão depois de morrer, e onde são felizes para sempre)

Saturday, April 13, 2013

Se algum dia alguém me dissesse que a cadeira que me deixaria mais entusiasmada neste semestre seria Medicina Geral e Familiar eu rir-me-ia na cara dessa pessoa. E no entanto aqui estou eu.

(As aulas são uma treta mas o nosso projecto de investigação é tão giro!)

Thursday, April 11, 2013

As pessoas à minha volta eram todas bastante mais velhas e tinham um aspecto bem mais desesperado do que o meu. Eram quase oito horas, de um sábado à noite, e éramos quatro. Eu percorria os títulos dos livros com os olhos, à procura de um que me chamasse à atenção; à minha esquerda uma senhora dos seus cinquentas passava a mão em todos, tirando um de vez em quando para ler uma dezena de frases antes de o devolver à prateleira; sentada num banco ali perto uma mulher folheava um dos livros da OSHO, sendo interrompida ocasionalmente pelo filho com não mais de seis anos que se ia entretendo com os livros infantis; ao meu lado um homem de raça negra olhava fixamente para os livros de culinárias, na esperança de que ninguém reparasse que na primeira oportunidade passaria para a prateleira do lado. Éramos, sem dúvida, um grupo estranho. Inevitavelmente perguntei-me o que os teria levado a ir às oito da noite de um sábado à secção de livros de auto-ajuda e espiritualidade de uma conhecida livraria de um centro comercial de Lisboa. Por momentos senti-me mal, como se não tivesse o direito de ali estar a partilhar com aquelas pessoas um momento que podia ser para elas decisivo, como se as razões para eu ali estar não fossem tão válidas como as delas. Na verdade, nem sequer sabia bem quais eram as razões para ali estar.
Os meus olhos passaram por um livro que a senhora ao meu lado acabara de pousar. Na capa estava escrito com letras garrafais 'O Dalai Lama', seguido de um outro nome e, só no fundo, o título do livro: 'Um Guia para a Vida'. Com aproximadamente 300 páginas, era o resultado de várias conversas entre Dalai Lama e um psicólogo americano sobre os mais diversos temas e cujo objectivo era perceber o ponto de vista do budismo sobre uma série de situações, e de que maneira é que os princípios do budismo poderiam ajudar a sociedade ocidental na busca da felicidade. Gostei do formato: afinal de contas, sempre gostei da confrontação e discussão de ideias e princípios. Deixei um sorriso aos que por lá ficaram e dirigi-me à caixa.

O livro tem-me acompanhado nos últimos tempos. Vou a meio e, se não servir para mais nada, está a ajudar-me a ver o mundo com outros olhos enquanto o leio. Não sei se vai mudar a minha vida. Mas para já estou a gostar, e neste momento é o que importa.

Saturday, April 6, 2013

Felicidade.

Dou por mim a discutir o conceito de felicidade vezes e vezes sem conta, e a forma de a atingir. Há quem diga que a felicidade não é um ponto de chegada, é um processo. Há quem diga que a felicidade não é um objectivo final, mas o conjunto de todos os pequenos momentos em que nos sentimos bem. Talvez seja um processo que engloba todos os pequenos momentos em que vamos descobrindo quem somos e quem queremos ser enquanto crescemos. Talvez a felicidade se vá construindo. Talvez faça parte da construção da felicidade percebermos que o dia corre melhor quando tiramos dez minutos de manhã para tomar a nossa meia de leite à janela em vez de o fazermos num sítio feio e fechado; perceber que nos sentimos melhor quando saímos de casa com música nos ouvidos; perceber que cada vez nos apetece mais estar com alguém; e passar a fazer isso mais vezes. Talvez seja preciso coragem para ser feliz. Coragem para dizer: se a felicidade não é um fim, é um processo, se a felicidade não é um grande objectivo, é o conjunto dos pequenos momentos, claramente eu não estou a fazer as coisas como deve ser e está na altura de mudar. E mudar. Coisas grandes como decidir acabar com o que se construiu durante meia dúzia de anos e começar do zero. Coisas pequenas como decidir que se passa a tomar o pequeno-almoço sozinho à janela. Coisas que nem sabíamos que tinham importância, como passar a caminhar a olhar em frente em vez de olhar para o chão, olhar mais vezes à volta e apreciar a luz que o nosso país tem, dizer mais vezes 'bom dia' e 'bom apetite' e 'bons sonhos', agradecer mais vezes as oportunidades que a vida nos dá, quer seja poder estar a fazer aquilo que mais gostamos quer seja o simples facto de poder ouvir o cuco que canta agora.

Thursday, March 28, 2013


Como prenda de anos o meu irmão partilhou este vídeo comigo. Partilho-o convosco porque é das coisas mais bonitas que já vi.

Tuesday, March 26, 2013

Há muitas alturas em que não concordo com nada do que diz. (É uma das razões para achar que a grande maioria das coisas não se devem aos genes.) Como ninguém pode ter uma opinião contrária à dele, nessas alturas aceno com a cabeça ou digo o típico 'hum hum'. Até que solta um 'o tempo voa', enquanto olha para a mesa à sua volta. Penso 'ao menos nisso estamos de acordo'.

Faltam dois dias para eu fazer 23 anos. Vinte-e-três. Como é que isto aconteceu?

Thursday, March 21, 2013

Eis o que acontece quando numa qualquer manhã se resolve usar meios de transporte que não os habituais. Ambas as situações se passaram no Cais do Sodré.

Um homem qualquer de 20 e muitos anos, que eu nunca vi na vida, toca-me no ombro.
Ele: Desculpa, podias-me dar o teu número de telefone?
Eu: Desculpe?! Para que quer o meu número?!
Ele: Acho que é um bocado óbvio...
Eu: Não vejo o que há de óbvio nisso. Para além do mais sou casada. Tenha um bom dia.




Uma mulher com 60 e tal anos que, tal como na situação anterior, eu nunca vi na vida começa, do nada, a falar comigo na paragem do autocarro.
Ela: Aquele mocinho dos Açores ou Madeira continua desaparecido, não continua?
Eu: Desculpe?
Ela: O mocinho dos Açores, que desapareceu aqui no Cais do Sodré. Não chegou a aparecer, pois não?
Eu: Acho que não.
Ela: É tão triste. Já viu? Vem passar férias e desaparece.. É como aquela miúda inglesa. Mas essa eu tenho cá para mim que anda na pedofilia. De certeza. Este miúdo é que não sei. Mas se me perguntassem eu acho que foram as prostitutas. Lá o viram a pagar a conta da discoteca, viram que tinha dinheiro e alguém o seguiu. Sim, porque nas imagens da discoteca vê-se que ele sai sozinho... Viu as imagens?
Eu: Não, não vi..
Ela: E aquele homem de 69 anos que desapareceu na semana passada? Que se meteu no carro e se perdeu? Também não percebo.. Se teve cabeça para ir até não sei onde, não teve cabeça para voltar?! Tinha 69 anos, não tinha 80.
E isto continuou durante os 10 minutos em que estive à espera do autocarro. Acho que a senhora deve ter falado de todas as pessoas desaparecidas dos últimos 20 anos. Quando vi que ia para o mesmo autocarro que eu ia morrendo. O que vale é que se sentou nos lugares prioritários, e eu disse que preferia andar na parte de trás.

É por estas e por outras que eu gosto muito do meu metro e de andar bem cedinho. Assim não tenho ninguém a chagar-me a alma.

Sunday, March 17, 2013

Anda por aqui uma gripe que já me começa a irritar. O que vale é que eu herdei o gene-da-resistência-aos-sintomas-da-gripe-das-7-da-manhã-às-6-da-tarde e durante o dia ando relativamente bem. As noites é que têm sido um inferno, com febre, arrepios e pesadelos (e todos os tipos e feitios). Felizmente já sinto algumas melhorias e, depois de 4 dias a chá e torradas (e mesmo isto só porque tinha de ser), ontem já comi comida de jeito. As cefaleias também já melhoraram e estou neste momento a faltar a um congresso para ver se estudo alguma coisa do muito que não estudei durante a semana.


A única coisa que me alegra é mesmo pensar que de hoje e a oito já estou em casa, onde vou ficar uma semaninha (ou duas, ainda estou a decidir),

Monday, March 11, 2013

O meu amigo Harry

O Harry é um novo amigo meu. Ele sabe imenso, mas às vezes é muito complicado na forma como me explica as coisas. Hoje vou riscá-lo pela primeira vez, e ele vai-me culpar durante os próximos 20 meses. Vai-me atirar os riscos que eu lhe fizer hoje à cara inúmeras vezes (espero eu). Eu estou com medo de o riscar e ando a adiar isto há 2 semanas, mas esta amizade custou-me os olhos da cara e mais vale aproveitar.

Friday, March 8, 2013

Quem me conhece sabe que a igualdade é um dos valores que defendo com mais afinco. É isso que celebro hoje: a igualdade entre géneros. Este dia serve para me lembrar de nunca me esquecer de estar grata por ter havido alguém a lutar por todas as coisas grandes e pequeninas do meu dia-a-dia. Poder vestir umas calças de manhã, poder estudar, poder vestir uma bata ao chegar ao hospital. Não quero uma flor, não quero um jantar. Quero só um minuto para poder estar grata.

Thursday, March 7, 2013

Não sei há quanto tempo há informações sobre o EDP cooljazz2013. Eu vi hoje e apetece-me bater em alguém: queria ir a três concertos. Não estou em Lisboa nessa altura.

Monday, March 4, 2013

dreaming in sepia.

Actualizou o 'estado' do facebook para dreaming in sepia, o que me levou a ir falar com ele no mesmo segundo. 'O estado do teu facebook é o nome de um antigo blog meu!'. Era aquilo de que ele estava à espera: tinha seguido o blog há muitos anos, quando eu o escrevia; hoje tinha estado a relê-lo e esperava através do facebook conseguir chegar ao autor. Disse que gostava muito da escrita, que eu tinha muito talento. Limitei-me a dizer-lhe que já tinha perdido qualquer talento que um dia pudesse ter tido. É a verdade: aquilo que a faculdade não me roubou perdi assim que aprendi a ser feliz. Mas se querem mesmo saber: valeu a pena.

Sunday, March 3, 2013

'cair em amor'


'Apaixonar' é umas das palavras portuguesas de que eu menos gosto. Não gosto da sonoridade. Quando comparada com as expressões equivalentes noutras línguas (fall in love, em inglês, tomber amoureux, em francês) tem muito menos impacto visual. 'Cair em amor' seria a tradução literal. 'Cair'. É engraçado, porque é exactamente assim que me sinto quando me começo a apaixonar. A cair. Quando dou por mim não tenho chão debaixo dos pés e move-se tudo muito rápido. Às vezes é quase como se estivesse numa montanha russa escura, em que perco o referencial por não haver luz e a dada altura já nem sei se estou com a cabeça para cima ou para baixo. 'Cair em amor'. Talvez a familiaridade com esta expressão se deva ao facto de, quando me apaixono, acabar por ficar na 'mó de baixo'; talvez nem toda a gente 'caia' realmente em amor.  Talvez eu só 'caia' por 'cair em amor' por homens indisponíveis, aqueles que me fazem realmente cair. Talvez isto se esteja a tornar um vício, como andar de montanha russa, em que enquanto lá estou só grito, mas quando saio só quero voltar a andar. Talvez seja isso, e eu já não me saiba apaixonar. Talvez já só saiba cair em amor.

Tuesday, February 26, 2013

de Paris.



Nunca consegui perceber o porquê da minha paixão por Paris. Só sei que quando olho a cidade do cimo do Sacré Coeur quase choro de emoção.

Wednesday, February 20, 2013

Sei que os meus amigos nunca vão ser como meus irmãos quando sei que vou acabar por perdoar à minha irmã algo que dificilmente perdoaria a um amigo.

Tuesday, February 12, 2013

Hoje resolvi começar a escrever o meu CV em LaTeX.

Demorei 20 minutos a perceber o que é que tinha de fazer para conseguir pôr acentos nas palavras, mas ao menos vou ter um CV bonito.

Monday, February 11, 2013

Quando eu era pequena o meu irmão tinha um livro espectacular com padrões em todas as páginas que, se uma pessoa olhasse com atenção/durante muito tempo via uma imagem diferente (alguém faz ideia do livro que eu estou a falar?). O engraçado é que, uma vez vista a imagem, já não era possível olhar e não a ver...

Hoje olhei para a minha vida e foi isto mesmo que me aconteceu. E agora quero olhar e não ver aquilo que já vi e não consigo.

Thursday, February 7, 2013

Está arrumada a primeira época de exames. O saldo é positivo, com todas as cadeiras feitas, embora tenha decidido ir melhorar Pediatria. A sensação é a de finalmente poder respirar. O pior já passou. O pior semestre do curso está feito (e razoavelmente bem feito), o peso já me saiu das costas e já posso renascer para o mundo. Deixei demasiadas coisas em águas de bacalhau, como sempre, e agora chegou a altura de as retomar (embora na próxima semana ainda conciliando com algum estudo).

Para já os planos passam por estudar umas horinhas e mais logo ir jantar fora e festejar o facto de ter ficado tudo feito. Parece-me um plano perfeito.

Friday, February 1, 2013

Não me preocupo demasiado com as notas. Claro que, como toda a gente, gosto de ver uma boa nota à frente do meu nome na pauta, mas não me preocupo muito com isso. (Até porque aquilo para que contam mais é para a escolha do sítio onde vou ficar no primeiro ano depois de acabar o curso, e eu sei que não quero Lisboa nem Porto.) No entanto, há algumas notas em particular com as quais eu me importo. 
Importo-me com as notas das aulas práticas, aquelas em que estou em contacto com doente, principalmente se forem dadas por professores que me parecem bons médicos e que têm uma postura face aos doentes de que eu goste. 
Importo-me com as notas dos exames que eu acho que se relacionam com o conhecimento prático que eu tenho da disciplina (aqueles exames em que perguntam coisas que eu sei que devia saber e que me vão ser úteis no futuro).
Importo-me com as notas das cadeiras que eu acho que têm de fazer parte do conhecimento de qualquer médico: Medicina Interna, Cirurgia Geral, Ginecologia/Obstetrícia e Pediatria. (Não quero com isto dizer que as outras não são importantes, só que acho que um bom médico tem de ter uma boa base destas 4 cadeiras)

Por isso, hoje estou chateada. A nota de Pediatria não foi nada do que eu queria, e a culpa não foi de ninguém se não minha. Desleixei-me. Deixei-me levar pela preguiça e estive quase 3 dias sem fazer nada de jeito, o que resultou numa mota menos boa. E por isso estou chateada. E tenho o direito a estar assim, porque não tenho de estar sempre bem, mesmo que alguém precise que eu o esteja. 

Se hoje (e sempre) passarem por mim e eu estiver de mau humor, escusam de mo dizer. Eu sei que estou de mau humor. Estou de mau humor por alguma razão, e como não tenho nenhum problema psiquiátrico, se vocês de apercebem que eu estou de mau humor eu também me apercebo disso. E estarem constantemente a relembrarem-me disso não me vai pôr de bom humor. Muito pelo contrário.

Monday, January 28, 2013

Irritam-me as pessoas que me enchem o mural do Facebook com imagens a desejar boa semana, boa segunda-feira, boa terça-feira, boa quarta-feira, .... , que põem lemas de vida fantásticos do tipo ' a vida às vezes parece cinzenta mas se olhares bem é um tom de rosa diferente' e coisas do género, que sentem a necessidade de pôr 3 'smiles' e 5 asteriscos por cada palavra que escrevem num comentário. Porque parece forçado. Porque é forçado, que ninguém consegue ser assim tão positivo a toda a hora (muito menos em época de exames).

E eu sei que dá para bloquear a pessoa, e que dá até para não a bloquear e dizer só para aqueles arco-íris e unicórnios e corações não me aparecerem no mural, mas de cada vez que vou para fazer isso sinto-me mal comigo mesma.

Wednesday, January 23, 2013

Pediatria.

Amanhã é dia de oral de Pediatria II. Como nunca tinha falado sobre o assunto (e de certeza que vocês estão interessadíssimos!), eis o que eu acho desta área da Medicina.

Pontos positivos:
- Os miúdos. Gosto de crianças. Gosto mesmo, sou daquele género de pessoas irritantes que quando vêem um miúdo começam logo a rir-se e a ver quanto tempo demora até que o miúdo se ria também. Eu sei, eu sei, há alturas em que me querem matar por causa disso (Olá PS!), mas não há nada a fazer.

- Eles nunca estão de mau humor, a não ser que estejam mesmo muito doentes. O que não se verifica com os adultos, que reclamam por tudo e por nada.

- As histórias que acontecem na consulta. Como daquela vez em que uma miúda de 2 anos e pouco, depois de eu fazer o exame objectivo começa a dizer: 'Papá a Nônô tem xixi! Papá a Nônô tem xixi!' E acaba a sair do gabinete a correr.

- Os diagnósticos diferenciais são muito estimulantes. Os miúdos não dizem nada de jeito, não se queixam como deve ser, o que quer dizer que muito depende do exame objectivo.

- Eles recuperam rápido. E com um bocado de sorte ainda vêm a correr agradecer e dar um beijinho antes de se irem embora. (Sim, já me aconteceu)

Pontos negativos:
- Os pais. A sério, há cada um....

- O ranho. 80% ou mais da pediatria é ranho. Eu não gosto de ranho. Mesmo. Gosto de cocó. Ranho? Não é comigo.

- Os ADOLESCENTES. São impossíveis. Não sei lidar com eles. Não sei mesmo. Não sabia na altura em que eu própria era adolescente e não sei agora, em que eles olham para mim com ar de nojo.

- As varicelas, os sarampos, as rubéolas e roséolas e tudo aquilo que meta pintas. Acho que isto é uma associação mental qualquer que eu faço com a histologia, em que também eram bolinhas cor-de-rosa, mas gosto menos de pintas do que de ranho. (E eu odeio ranho)


E acho que é basicamente isso. Por isso já sabem, conhecerem algum adolescente com ranho e pintas, por favor não o levem às urgências amanhã de manhã.* Se tiverem um miúdo com uma dor de barriga ou uma diarreia, be my guest. Eu estarei lá para o receber.


*Como é óbvio eu estou a brincar.

Tuesday, January 22, 2013

Sei que estou a fritar de vez quando, no meio do meu estudo para Pediatria, ponho esta música em altos berros e desato a dançar no meio do quarto. 




Wednesday, January 16, 2013

Post de auto-motivação.

Amanhã é dia de mais um monstro. Um três em um para muitos implacável. Mas não para ti. Estudaste e preparaste-te o mais que conseguiste para esses exames. Até sabes umas coisas. E vai correr bem. Chega de autocomiseração. Vira-te para o lado e dorme, que daqui a 12 horas isto já passou tudo, os exames estão feitos, sem teres mais nenhuma oral para acrescentares ao teu calendário de exames. Ouve lá as musiquinhas de que precisas para te motivar e pronto. Vai correr bem. Vai correr bem. Vai correr bem.

(uma vez por cada exame que tenho amanhã. Estou a fazer destes exames um monstro de 7 cabeças, quando na realidade eles só têm 3.)

Sunday, January 13, 2013

Olhei lá para fora e estava sol. Peguei na torrada e na caneca do café com leite e mudei-me para a varanda. Assim que me levantei para ir para dentro começou a chuviscar. 


Acho que foi a vida a dizer-me que aqueles foram os únicos bons dez minutos do dia de hoje.

Friday, January 11, 2013

Ainda está para vir o dia em que a reacção quando saio de uma oral que até me correu razoavelmente bem não seja 'Bolas! Devia ter dito isto!'.

ORL: arrumadíssimo! :)

Wednesday, January 9, 2013

Mais uma tarde a estudar ORL. O pensamento de hoje foi: 'apetece-me sushi.'.

Tuesday, January 8, 2013

Acabei de perceber porque é que nunca gosto dos namorados dos meus amigos. Para quando eles acabam poder dizer: 'Eu nunca gostei dele/a!'

Há aviões.

Passado um ano, e quando tudo já devia estar mais do que resolvido, ele vem falar comigo. Está sozinho. Ela está longe, foi para longe, e ele está completamente sozinho. Precisa de alguém, tal como precisou há um ano, quando eu não estive lá para ele e ela esteve. E hoje ela também não está. Então procura-me. Há aviões. Esta é a minha resposta: Há aviões. E acabo-a assim, com um ponto final, na esperança de que ele a interprete como Há aviões, vai ter com ela. e não Há aviões, vem ter comigo. E acabo-a assim, sem dizer vai ter com ela, na esperança de que ele a interprete como há aviões, vem ter comigo.

Sunday, January 6, 2013

Marco café com um amigo que mora aqui pertinho de mim.

Ele: Olha, relativamente ao café de logo... Posso levar a Joana?
Eu: Sim, claro!

(Sendo assim é melhor dizer ao Fernando, só para não ir fazer de vela...)

Eu: Hey, queres ir tomar café logo? Combinei com o João, e ele vai levar a Joana...
Ele: Pode ser! Posso levar a Mariana?
Eu: Sim, claro!...


Em vez de vela sou duplo castiçal...

Thursday, January 3, 2013

Hoje tive um sonho tão bom, tão bom, que quando acordei tentei voltar a adormecer só para voltar para lá.


Espero que um dia venha a ser realidade :)

Wednesday, January 2, 2013

Conversas com diferentes pessoas que estudam numa cidade que não aquela em que vivem:
-Então, que tal estão a ser as 'férias'?
-Boas, mas vou amanhã para (cidade onde estudam), em casa não estudo nada. E tu?
-Também, também.

Preguicite caseira. A atacar estudantes nas 'férias' do Natal e a fazê-los ir embora mais cedo desde que há memória.


Até já, Lisboa.