Saturday, June 30, 2012

Dói-me a cabeça. Tenho bastantes coisas para rever, um molho enorme de exames antigos para fazer e esta dor de cabeça não resolve...

Finalmente decidi ir para a cama, mas não consigo dormir... Isto promete ...

Friday, June 29, 2012


Tenho o cuidado de partilhar o que tenho com toda a gente. Chegam-me às mãos uns apontamentos fixes? Encaminho-os para o meu grupo alargado de amigos. Encontro sites bons? Encaminho. O professor dá umas dicas porreiras para o exame/oral? Falo com toda a gente. Acho que é razoável. Nao ganho nada em guardar as coisas para mim.

Agora, quando me dou ao trabalho de digitalizar resumos feitos por mim espero receber um 'obrigada' em troca. E quando perco tempo a dizer quais as respostas certas de exames antigos porque mo pediram, o mínimo que peço é que se receberem algo de novo se lembrem de mim.

É uma questão de boa educação e respeito, só isso.
Não me lembro da última vez que estive na estação de comboio à espera do comboio para Lisboa sem vontade nenhuma de ir. A semana em casa soube-me bem e foi produtiva, e o regresso à confusão e à inexistência de sítios perfeitos para estudar está a deixar-me de mau humor. Isso e saber que ainda tenho quase 15 dias com os livros de Pneumo à frente.

Adia-se a felicidade até ao dia 21. Depois logo se vê.

Friday, June 22, 2012

Consigo imaginar-me a viver aqui daqui a uns anos. Tenho um hospital a dez minutos de carro, é uma cidade relativamente calma, não muito grande mas com tudo o que é necessário no dia-a-dia.

Para além disso tenho a praia à porta de casa,



esta vista do outro lado,



e isto ali mesmo ao lado.



Tenho uma das melhores sopas de peixe que já comi ali pertinho



e uma tripa de doce de ovos à minha espera sempre que quiser.


E estou perto de casa e em duas horas ponho-me em Lisboa. Perfeito, não? ;)

Thursday, June 21, 2012

O dia está a ser passado em calcas de fato-de-treino, com um termos com café ao lado. Ontem não senti nenhum efeito secundário das vacinas para além da inflamação local e uma febrícula ( já referi que agora tenho um boletim INTERNACIONAL de vacinação?), mas hoje estou um pouco sonolenta. Será das vacinas ou será só preguiça?

Com sono ou não, sabe bem ter o 'estaminé' montado noutro local, bem mais pertinho de casa. E se o estudo correr bem ao fim do dia ainda dou um saltinho à praia. Roam-se de inveja :)




Tuesday, June 19, 2012

Eu vou, eu vou, p'ra casa agora* eu vou!

Um dos meus maiores problemas desde que estudo em Lisboa é a quantidade de bagagem que levo para cima de cada vez que vou a casa. Quando o tempo passado em casa inclui épocas de período intensivo (leia-se férias do Natal, férias da Páscoa e - a estreia deste semestre - semana sem aulas antes dos exames) é o descalabro total, e passo o tempo todo que estou em casa a ouvir o meu pai falar da quantidade de coisas que levei e que não vou usar. Por isso desta vez perdi algum tempo a seleccionar as coisas que vão e as que ficam.




Em cima as coisas de Medicina que ficam por Lisboa, em baixo as coisas que vão comigo. Claro que a juntar a isto vai também o ipad que tem o livro grande que ali vêem e parte das coisas dos dossiers. 

E sim, isto é tudo coisas para um só exame. 

(E o que é que vocês têm a ver com isto, estão vocês a perguntar. Eu sei lá, vocês é que aqui vieram, olha!)


*não é bem agora, mas vocês perceberam a ideia.

Veredicto

E lá foi o sorteio que decidiu o que vou estudar nos próximos dias. Faço oral na Pneumologia. Nao é Medicina, mas também nao é Cardio, por isso nao estou assim muito chateada. E quis o destino que a Jo ficasse também em Pneumo, de modo que colhemos e discutimos a história nos mesmos dias. Podia ser pior, muito pior. Por isso agora é estudar e depois logo se vê. É bom que nos próximos dias comece a ganhar gosto pelas patologias pulmonares, porque vou ter a sua companhia durante MUITO tempo!


E agora, de volta ao estudo!

Monday, June 18, 2012

É JÁ AMANHÃ!

Comecem a rezar às entidades divinas em que acreditam; se não acreditam em nenhuma entidade divina, por favor comecem a louvar o grande deus das probabilidades. O sorteio para a oral do 4º ano é amanhã. Há 50% de hipóteses de ficar em Medicina Interna. Era o sonho. (Do mau é o menos mau) 25% de probabilidade de ficar em Cardiologia e 25% de ficar em Pneumologia. É 50% de probabilidade de ficar no que quero e 50% de probabilidade de ficar que NÃO quero.

Senhor deus das probabilidades, vê lá se estás do meu lado amanhã, sim?
(Acho que se ficar em cardio me dá um fanico)

Sunday, June 17, 2012

Não sei ao certo quando começou o hábito de fazermos/corrigirmos os testes e exames de anos anteriores por telefone, mas já o fizemos umas quantas vezes. No dia que antecede o exame é ver-me com as folhas espalhadas por todo o lado, desgravadas, livros e computador em cima da mesa a dizer "É a A! Não, é a C! Espera lá que vou ver se encontro isso, eu sei que li isso algures!". É uma das coisas que faz com que tudo isto seja mais fácil, é termos alguém que percebe exactamente o que digo quando, em desespero, sai da minha boca um: "ESTOU FARTA DE LEUCEMIAS, ISTO É TUDO A MESMA TRAMPA!" (Não, não é trampa que eu digo.)


E agora vou voltar ao estudo.

Friday, June 15, 2012

Hoje apercebi-me que talvez nunca tenha sido tão feliz como era há seis meses. Por momentos arrependi-me das decisões que tomei, e achei que talvez tenha desistido com demasiada facilidade. Depois pensei que estava a ser estúpida e voltei a enfiar a cabeça nos livros.

Ando cansada. Acho que é só isso.

Thursday, June 14, 2012

Às vezes ainda me vem à cabeça a imagem dela. O cabelo curto a contrastar com o sorriso que não deixei de ver, mesmo até ao fim. Faz hoje seis anos.

Wednesday, June 13, 2012

Das coisas que me irritam

Irrita-me quando me perguntam com o tom mais indignado do mundo: 'NÃO VAIS VER O JOGO DA SELECÇÃO?!'. Nao, nao vou ver o jogo da selecção. Crucifiquem-me, vá. A única coisa que vos pergunto é quantos de vós vão ver os jogos olimpicos de natação ou de qualquer outra modalidade. Estou farta de futebol, estou farta de ser criticada por não me apetecer ver futebol e, honestamente, chateia-me um bocadinho que o país pare por causa de um jogo.


Claro que quero que Portugal ganhe o jogo, mas isso nao me vai fazer mais feliz nem nada do género. Há coisas mais importantes, só isso.

Tuesday, June 12, 2012

A minha associação de estudantes é épica.



Avisos à entrada de uma sala de estudo num hospital perto de si.



(E sim, eu dei conta que diz 'Proibido a entrada a animais.' em vez de proibida. que picuinhas que vocês me sairam)

Monday, June 11, 2012

Tenho uma cratera na hemi-face direita. Não, a sério, tenho mesmo. Como é que isto aconteceu? Deixei de roer as unhas. Deixei de roer as unhas porque 'ah e tal, olha lá o mau aspecto que isso dá, vais fazer exame objectivo aos doentes e tens as unhas essa lástimas e mimimi', e agora TENHO UMA CRATERA NA HEMI-FACE DIREITA! Porque aparentemente eu enquanto durmo mexo nas minhas (amostras de) borbulhas. E se sem unhas não tem problema nenhum, com unhas FORMA-SE UMA CRATERA! Se eu não fosse tão preguiçosa tirava uma fotografia. Mas sou.


E agora vou-me embora, que tenho de ir apresentar o meu trabalho de pediatria. Trabalho esse que tem slides assim:




E não, não estou a brincar. Esse é mesmo o aspecto dos slides número 3 e 15 do MEU trabalho de Pediatria. Não, não é um trabalho de grupo. E sim, de certeza que alguém me apontou uma arma à cabeça para eu fazer um trabalho em tons de ROSA E COM BONEQUINHOS!


Algo se passa com a minha sanidade mental.

Saturday, June 9, 2012

Técnicas que usei hoje para procrastinar:

- imprimir uns resumos que só usar no final da próxima semana (com alguma sorte)
- fazer lista de compras do supermercado
- pintar as unhas dos pés de vermelho
- fazer manteiga de amêndoa (sem saber bem com o que é que a vou usar...)
- ver um episódio de Hart of Dixie (e decidir que só vejo o próximo nas férias, porque me parece que a tipa vai acabar por nao ser cirurgiã)
- actualizar o resultado do jogo de Portugal a cada 5 minutos
- ver os artigos recentes o medscape
- telefonar à Jo a dizer que sou fantástica a procrastinar, e passarmos largos minutos a comparar técnicas de procrastinação
- escrever este post


Sou ou não sou a melhor procrastinadora de sempre?

A máquina, a maratona e o médico no meio - por Manuel Barbosa


Eu sei que é grande, mas vale a pena


"Na linha do chorrilho de asneiradas que temos lido sobre o presente e o futuro próximo da carreira médica, da acção médica e do sistema de saúde português, quero usar o pouco espaço que tenho direito na internet para fazer circular alguma coisa escrita que espero ser clara e tão fundamentada quanto possível. Não será curta, lamento, podem desistir a qualquer altura...mas espero que não o façam.

Como ponto prévio, apelo a que partilhemos isto o mais possível de um mural para outro. A razão: os alvos das notícias e propaganda enganosa sobre a nossa profissão não somos nós, uma vez que sabemos analisar o que se passa, mas sim a opinião pública em geral que está progressivamente a ser afastada dos nossos pontos de vista e a ser levada por propaganda enganosa que circula livre, mas orquestradamente, na internet (vide blogue lastimável do também lastimável site do Expresso que não faz qualquer referência a orientação editorial dos seus blogues nem critérios de escolha dos mesmo).

Mas vamos por pontos:

1.As críticas da classe médica à prescrição por príncipio activo.
A opinião geral é conhecida de todos: "os médicos estão contra esta forma de prescrição porque assim se acaba a "mama" das prendinhas da informação médica!". Contrariar esta crença é muito díficil e não o vou tentar fazer. No entanto, vou reforçar que esta perspectiva é benéfica para o cenário geral que pretende diminuir ainda mais perante a opinião pública  a postura da classe médica. As pessoas querem acreditar que passar a responsabilidade da escolha do medicamento para o farmacêutico as levará sempre a que escolham o medicamento mais barato e de mesmo efeito. Não há engano maior, e o tempo o dirá: vai chegar o dia em que as pessoas se queixam que na farmácia "não havia outra vez o genérico", e que "já me trocaram o medicamento outra vez", e ainda "a minha mãe toma estes 4 doutor" e eles são todos iguais, todos genéricos, de marcas diferentes, que certamente fazem genéricos por caridade e nunca por visar o lucro, valha-nos deus...! Quem ganha com isto é a Associação Nacional de Farmácias, que vai ter capacidade total de lidar com os seus stocks, contratos, compras e vendas como se de um Pingo Doce da saúde se tratasse. Mas este cenário é impossível de contrariar: O estado deve milhões de euros à ANF e esta é uma forma de compensação e de assim acabar com as ameaças de fim de fornecimento a hospitais ou da suspensão de comparticipações como a que houve este ano na Madeira... Será um casamento feliz e de elogios mútuos daqui para a frente. Veremos de que forma os doentes, hoje ilustres convidados da cerimónia, reagirão amanhã quando perceberem que afinal não há mares de rosas.

2. A questão das vagas de entrada, a qualidade de ensino e as vagas de internato.
É importante que a mensagem passe rapidamente e que os jovens estudantes do secundário ( e os seus pais e amigos) não pensem que queremos diminuir as vagas para "aumentar o nosso tacho". Primeiro, porque futuramente nem sequer haverá tacho (lá iremos). Segundo, porque é legítimo que, depois de ver a realidade interna numa faculdade de Medicina, queiramos que haja um rácio de alunos por tutor muito menor ( 8 alunos/ 1 médico/ doente sofre 9 exames objectivos em 1 enfermaria com 4 camas = problemasa de logística, conforto e respeito pela privacidade inquestionáveis). Terceiro, e mais importante, o facto de que não faz sentido entrarem 2200 pessoas por ano se no final a capacidade de continuar a formá-los não vai exceder os 1700...

3.A questão do internato médico limitado e das novas políticas de contratação como trabalho temporário.
Esta é uma realidade deprimente contra a qual devemos lutar activamente. Porque faz parte de um plano a longo prazo bem montado e delineado que é o de criar um Sistema Nacional de Saúde completamente renovado, que passará em grande percentagem por privados, parcerias intermináveis e comissões astronómicas para com empresas de trabalho temporário que há hoje estão no mercado com gastos escandalosos.

Concretizando: Entram 2200 estudantes de medicina por ano, patrocinados pelo estado, que paga às Faculdades para os formar. No final dos 6 anos, no entanto, já não os quer no sistema público e descarta as centenas de milhares de euros gastos na sua formação. Absorve 1700, para já, e a esses permite continuar a especialização nas diferentes e clássicas àreas. Aos 500 que sobram (mais os que anualmente vêm das formações no estrangeiro), deixa-os no limbo da formação: não são estudantes, porque já acabaram. Não são médicos, porque não tem especialização. Não têm as competências técnicas e operacionais necessárias para efectuar, da melhor e mais segura forma, uma acção médica com o mínimo de riscos pelo doente.
Então qual é a justificação para isto? Muitos dirão: "as pessoas antes iam para Medicina para terem emprego, mas agora são iguais aos outros, é a vida". Certo, é a vida. Mas relembro: não estão desempregados, simplesmente não se podem sequer empregar porque não têm formação para isso.

Haverá solução para isto? Há. Mas é vil, é suja, é desonesta e é perigosa. É que está implícita nesta nova lei sobre o concurso público de contratação de médicos e que pode ser consultada no DR de 14/5/2012,II Série, nº 1921/2012. Uma lei que prevê a contratação de médicos a prestadores privados de trabalho temporário, em que o médico deverá trabalhar a recibos verdes, com o critério principal de que será contratado o mais barato por hora, médico esse que fará exactamente o que lhe for requerido, desde a urgência geral à urgência de pediatria, às consultas de MGF e seguimento em internamentos. Que especialidade terá este médico? Deverá certamente ser um supra sumo da medicina...mas não, a verdade é que a lei não faz menção a especialistas. Daí que eu me pergunte: estará a ser criada, anualmente, uma legião destes médicos para trabalhar à peça, sem qualidade de vida, sem residência fixa, sem contrato, sujeitos à lei do desespero económico? Se a cada ano ficarem 500 médicos fora do internato, a cada ano que passa haverá mais 500.1000, 1500, 2000 médicos em 4 anos. Todo um ano nacional de curso sem especialização...

O mercado de trabalho temporário será o paraíso dos agiotas e dos desonestos, das empresas de sub-contratações que ganham à comissão à custa do trabalho alheio. Se isso hoje já é uma realidade ( http://www.publico.pt/Sociedade/ministerio-da-saude-contrata-25-milhoes-de-horas-a-tarefeiros-1548426 ), com a contratação principalmente de clínicos estrangeiros, no futuro será feito à nossa custa. É uma vergonha que o Estado Português prefira fazes estes contratos miseráveis em vez de negociar com a classe médica o pagamento sério de horas extraordinárias e de fazer concessões sobre a possibilidade de deslocar um novo e capacitado médico para que este viva com qualidade na periferia ou no interior. E não só os médicos sofrerão deste sistema, numa altura em que se notícia que há enfermeiros a trabalhar por 3,5 euros à hora, o que por mês chega a ser inferior ao salário mínimo.

Pergunto-me como é que é possível que o Estado preferira contratar milhões de horas a um médico tarefeiro para que este faça consultas de MGF durante 3 meses e que depois nunca mais volte àquela terrinha? Onde é que fica o seguimento dos doentes? Onde é que está a qualidade deste acto médico? Será que alguém acredita realmente que "aviar" 5 doentes por hora é o principal objectivo de um acto médico? A produtividade e a qualidade nem sempre andam de mãos dadas. E revolto-me: Como é que se justifica por parte do Estado o pagamento dessas horas a um intermediário (a empresa, e esta que pague o que quiser ao médico) em vez de contratar directamente e acarinhar os profissionais que tanto se esforçou por formar? A menos que esse intermediário faça parte da máquina onde circula o dinheiro português que não chega ao país real e que faz com que Portugal seja considerado um dos países mais corruptos da europa. ( http://www.transparency.org/news/pressrelease/20111201_cpi_pr )

4.previsões, lamentos e apelos
Não é novidade que o  Sistema Nacional de Saúde está a mudar. Fecham-se urgências, fecham-se hospitais, fecham-se maternidades, extinguem-se internamentos. Alguns, certamente necessários e justificados. Tal como as novas políticas de transporte de doentes que acabaram com muito dos abusos de pessoas que não precisam desse transporte.
No entanto, temo que muito destas mudanças sejam escondidas atrás desse grande arbusto que é "a crise", um arbusto que permite justificar todos os cortes de pessoal e material que existem hoje em dia. Num futuro próximo, parece-me inevitável que a percentagem de grupos privados envolvidos directamente na gestão de hospitais que eram anteriormente do estado será muito maior. O estado livra-se do "peso" da saúde e passa o testemunho aos reis Midas do negócio que fazem com que o sistema público dê lucro quando, a única coisa certa que deveria dar, seria despesa. Idealmente menor despesa, sim, mas nunca lucro. Além desse peso, o estado livra-se dos médicos e dos enfermeiros que não quer continuar a formar. Os hospitais privados, naturalmente, terão contratos vantajosos com as empresas de trabalho temporário. E contratarão mão de obra qualificada a preço de saldo. Mão de obra que podem deslocar de Lisboa para o Minho com 30 dias de aviso. Mão de obra que podem substituir, a qualquer hora, por outra mais barata, de igual qualidade.

Lamento pelo doente. Pelas pessoas que não têm obrigação de estar atentas a tudo isto, a esta máquina enorme, que não se apercebem do que vai acontecendo aos poucos. Lamento que daqui a uns anos tenham que fazer um seguro de saúde todos os anos porque têm medo de ir a Urgência e deixar lá 50 euros. Lamento que um dia vão à farmácia e que lhes encham o saco de medicamentos com que não se dão bem, mas não há nada a fazer porque mesmo dizendo ao seu médico, este não tem poder de mudar a prescrição. Lamento pelos que vão chegar ao seu centro de saúde e vão ficar frustrados por aquele médico simpático que os seguiu o ano passado agora estar noutro sítio qualquer.

E lamento por nós, estudantes de Medicina, que ainda nem acabamos o curso e já sentimos que vamos em direcção a uma carreira incerta, em que apostámos tanto. Seja por vocação, seja por gosto, seja por capacidade técnica e a promessa de um futuro melhor, aliado a elas...todas são legítimas. Lamento ter deixado para trás tantos momentos em família, por estar deslocado. Penso nas férias de Natal e as passagens de ano a estudar, nos meses de Junho e Julho enfiado numa biblioteca das 9 do dia às 3 da manhã. Lamento que não nos seja dado o respeito pelo trabalho e pela entrega, porque o merecemos. Como o merecem os médicos já formados a ganhar misérias nas urgências (8,9, 10 euros à hora. Não são 30 como muitos querem fazer acreditar!). Lamento que haja tanto ódio em relação à classe médica na opinião pública, que nos pintem como um grande e ganancioso monstro que esfrega as mãos face à doença alheia (certo que haverá alguns assim, que profissão não os tem? ) e que quando aos 18 anos escolhe ser médico já pense apenas em cifrões, cifrões, cifrões...

Mas lamentar não me vale de nada, por isso fica por aqui. O que quero fazer é apelar os meus colegas, aos mais velhos e aos mais novos especialmente. A que nunca baixem a cabeça. A que nunca se deixem levar pelo rebanho. Peço que nunca se minorizem, nunca achem que o esforço foi em vão, nunca deixem que alguém vos diga que são descartáveis, substituíveis! Não somos substituíveis, não somos mais um! E isso não faz de nós prepotentes. Viemos para isto porque acreditamos que podemos levar com esta responsabilidade nos ombros, é uma realidade. E isso é algo que nem todos querem. Nós queremos. Mas queremos fazê-lo com as condições justas e com a capacidade de respeitar a vida do doente e a nossa. Exorto-vos a nunca desistir da luta, a arriscar o pescoço, a arriscar manchar o nome, a sair à rua e a dizer "NÃO! Recuso-me a trabalhar por 5 euros à hora! Eu valho mais!". Quando começarmos a aceitar trabalhar a preço de saldo, estamos a dar o primeiro passo para o abismo dos estágios não remunerados "para ganhar experiência". Nunca. Nunca poderemos deixar isso acontecer.

Não estamos a pedir o mundo. Não estamos a pedir carros com motoristas, não estamos a pedir prémios, não estamos a exigir salários de administradores de empresas públicas. Não queremos estar no olimpo das profissões, só queremos estar no nosso lugar. E vamos lutar com unhas e dentes e palavras para que não nos tirem de lá. Lutámos muito para lá chegar e sabemos que para fazer o trabalho que se nos exige, com a qualidade que os nossos mestres nos passaram, precisamos de manter inabaladas não só as condições de trabalho mas também a dignidade que exigimos para nós próprios. Começa agora colegas, uma longa luta por um futuro digno, ajustado à nossa responsabilidade e à nossa carreira. Vão ser muitos os obstáculos que vamos encontrar mas é essencial que nos mantenhamos unidos nesta longa maratona.

Bom trabalho a todos!

Manuel Martins Barbosa,
aluno do 5º ano da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa"

Friday, June 8, 2012

Recuperas do fundo do baú o sorriso de plástico que tinhas guardado há anos.
Assenta-te que nem uma luva.
 29.10.09

Thursday, June 7, 2012

Sotaques e vícios linguísticos

Quando por alguma razão surge em conversa que sou de Viseu, a resposta é sempre a mesma: 'A SÉRIO? Mas não tens sotaque nenhum!'. A partir desse momento começam-se a aperceber que digo 'coêlho', joêlho', 'vermêlho', 'maior' e 'além' e começa o gozo. (Mas não, não falo axim.) E já lá vão quatro anos desta conversa e ainda não mudei a forma como digo essas coisas. E não tenciono fazê-lo. Mas ganhei alguns vícios linguísticos. Como o 'querida', sem nenhum sentido queque, e o 'yope', que também ganhei por cá. Isto tudo para dizer que descobri que há uma palavra que já não consigo dizer. 'Pequenino'. Não sei porquê, mas não consigo. Ou digo pequeno, ou digo 'pucanino', com voz de quem está a falar para um miúdo de 3 meses. Onde fui buscar este vício? Não sei. Mas hei-de descobrir.

Tuesday, June 5, 2012

Quanto tempo é que demora a fazer gelo?



Estava-me mesmo a apetecer uma coisinha destas da imagem (sem natas, vá...). Pensei três vezes se valia o esforço de me vestir outra vez, apanhar o metro, fazer 20 minutos de viagem, comprar o dito cujo e vir para casa. Cheguei à conclusão que não, e resolvi procurar a receita. Encontrei a receita. Tiro o café para ir arrefecendo, abro a gaveta do congelador e... não tenho gelo.


Ora bolas!...


Monday, June 4, 2012

Coisas que eu nunca pensei vir a presenciar

1- O comentário: O Prof. X este ano não vai fazer orais
Sendo que o Prof. X é o regente da cadeira de Pneumologia e eu não vou muito com a cara dele.

2- O comentário: A Prof. Y este ano não vai fazer orais
Sendo que a Prof. Y é só a professora mais temida de sempre da cadeira de Cardiologia.

3- Índios a dançar numa cerimónia formal.
Okay, não presenciei, presenciei, mas vi em directo. Isso conta, certo?

Aqui fica uma foto a comprovar:



Saturday, June 2, 2012

Hoje apetecia-me ir beber qualquer coisa a um bar qualquer com música de jeito, mas nao tenho assim ninguém com quem ir e tenho de estudar. Caca de vida, hein?

Friday, June 1, 2012

Era bom quando a vida era simples. Quando as maiores preocupações do dia eram escolher o que ia vestir de manhã e o que fazer desta vez para conseguir ficar com um iogurte de morango ao lanche. Quando pedia à minha mãe sandes de ovo mexido para mim e para a minha irmã e íamos passar a tarde nas traseiras do meu bairro com as nossas vizinhas (e sentíamo-nos tão grandes!). Chegava a casa com as calças sujas de terra, fruto das brincadeiras e das 'lutas' com os outros. Brinquei muito na rua. Joguei à macaca, ao pisa-pé, futebol sem bola e ao macaquinho do chinês. Aos sábados jantávamos com os amigos da família e comíamos à pressa para jogarmos à apanhada e às escondidas. E aos domingos íamos a casa dos meus avós (uma viagem horrosa de uma hora e meia, cheia de curvas e contracurvas que invariavelmente me faziam vomitar o pequeno-almoço - e que agora se faz em 35 minutos)e deslizávamos pelo corrimão e descíamos de rabo nas escadas. Depois do almoço (que incluía sempre um gelado que íamos buscar à arca que estava na cave), íamos à 'Flor do Adro' com os meus pais, a minha tia (o meu tio ainda nao fazia parte da família) e uns amigos da minha mãe, e a minha mãe deixava-me beber um 'pingo clarinho' ao qual eu acrescentava mais açúcar do que aquele que devia (como vêem o habito do café pingado já nao é de agora!). Quando nos fartávamos do infantário eu e a minha irmã fingíamo-nos doentes e, de vez em quando, a minha mãe (fingia que) acreditava. E aí ficavamos em casa e víamos bonecos e brincávamos às barbies e às polly-pockets.

Fui uma criança feliz, e tudo o que posso desejar a todas as crianças que ainda o são é que tenham uma infância tão cheia de sorrisos e mimos como eu tive. Feliz dia da criança.