Sunday, June 30, 2013

Um dia gostava de conseguir perceber este fenómeno: as épocas de maior trabalho são as alturas em que tenho mais ideias de coisas a fazer no futuro próximo. Só nos últimos 15 dias apaixonei-me por imensas coisas que quero começar a fazer assim que os exames acabarem (o que não vai acontecer, porque tenho de trabalhar na tese e começar a empacotar a tralha acumulada nos últimos 5 anos, mas pronto). Aqui ficam alguns exemplos:


1) Geometric Paper Torso

Digam lá se isto não é absolutamente fabuloso. Segundo o autor demora cerca de 3 meses a ficar completo, por isso pensei começá-lo quando estiver em casa. Parece-me que cortar, dobrar e colar pode ser bastante relaxante, e isto pode ser o meu hobbie para o próximo ano (juntamente com algum desporto - ainda estou a pensar o quê). De qualquer modo ficam aqui as instruções para quem estiver interessado.




2) Planear o InterRail

Os bilhetes para Paris estão comprados, o percurso está mais ou menos definido e é isso. Ainda não temos hostels, ainda não fizemos listas de sítios a visitar, lista do que levar e ainda não comprámos os bilhetes do InterRail propriamente ditos. E é daqui a um mês. E eu não vou stressar, mas assim que acabar esta época de exames vou começar a tratar disso. Com urgência.



3) Ensinar a minha afilhada a jogar ao elástico.

Era das minhas brincadeiras preferidas, quando era criança. Passava horas a jogar ao elástico com os meus irmãos e os meus vizinhos. Quando estava sozinha com a minha irmã prendíamos o elástico nas pernas de duas cadeiras e brincávamos as duas. Quero arranjar tempo de qualidade com a minha afilhada para a ensinar a jogar. Já lhe comprei um elástico, cor-de-rosa como ela gosta (nisso não sai à madrinha), e da próxima vez que estiver com ela já temos plano :)





4) Organizar as fotografias

Se forem como eu têm milhares de fotografias tiradas nos últimos anos, espalhadas entre pastas organizadas no computador, a pasta das transferências, o disco externo, pens diversas e... nunca encontram "aquelas fotografias específicas do jantar em casa de não sei quem há dois meses". Chega. Assim que tiver tempo vou organizar isso tudo e criar uma pasta específica no disco externo, organizada por ano, grupo de amigos/família e situação. Tem de ser.


5) Ler

É ridículo, mas tenho dezenas de livros em casa que nunca li. Alguns são dos meus pais, outros são meus. São aqueles que eu quero mesmo ler, mas que comprei em época de exames e não deu. Aqueles que me foram oferecidos nos anos ou no Natal (altura em que recebo sempre 2 ou 3) e comecei por ler outro e nunca mais me lembrei. Este é o plano mais difícil. Adoro ler, mas enquanto estudo ando demasiado cansada. Podia aproveitar o InterRail, mas o peso não compensa. Por isso vou aproveitar nas poucas semanas que por cá estiver.


E é basicamente isto (entre muitas outras ideias que me vão surgindo como receitas novas para experimentar, cafés novos para estrear, sítios onde ir, ...). Mas claro que antes disto tudo tenho dois exames para fazer, por isso vou mas é voltar ao estudo.

Thursday, June 27, 2013

Tempo


Hoje é o aniversário de uma das minhas pessoas imprescindíveis. Conhecemo-nos há oito anos, embora pareça que nos conhecemos desde sempre. Crescemos juntas, nós e mais uns quantos. Vivemos de tudo. Desde o susto das nossas vidas quando resolvemos ficar em minha casa quando esta ainda não estava mobilada e a rega automática começou às 3 da manhã (depois de termos estado a ver filmes de terror), aos melhores verões da nossa vida, com gargalhadas na praia até às tantas da manhã e caminhadas poucas horas depois. Lado a lado sonhámos. Lado a lado descobrimos o que queríamos fazer da vida e lutámos para o conseguir. Apesar de termos umas centenas de quilómetros a separar-nos na maioria dos dias, partilhámos o bom e o mau. Com telefonemas de alguns minutos a algumas horas, com cafés marcados em cima da hora, com saídas de verão, idas para a biblioteca e férias juntas na praia, conseguimos manter-nos imprescindíveis uma à outra apesar da passagem do tempo. E quando decidi fazer um interrail no meu último verão de três meses não tive dúvidas de que era uma experiência que queria partilhar com ela. Porque crescemos juntas e quero continuar a crescer. Hoje é o aniversário de uma das minhas pessoas imprescindíveis. E provavelmente é o último em que a tenho a poucos quilómetros. Porque o tempo passa e as pessoas crescem e os sonhos são condicionados pela vida. As centenas de quilómetros vão se transformar em milhares. E os comboios que nos separam vão ter de ser substituídos por aviões daqueles que ainda demoram algumas horas a chegar ao destino. E os telefonemas vão ter de ser substituídos por conversas via skype. E não vão existir cafés marcados em cima da hora, nem idas para a biblioteca e talvez nem férias juntas na praia. Mas vão existir postais e cartas e visitas de quinze dias de vez em quando e tantas outras coisas que havemos de inventar para continuarmos imprescindíveis. Porque não há muitas pessoas realmente boas no mundo, mas ela é uma dessas.

Parabéns, Fisgas. Que o tempo e a vida não faça desaparecer a criança traquina com uma fisga no bolso que tens dentro de ti.

Sunday, June 23, 2013

A oral na sexta-feira correu melhor do que eu pensava, e ainda estive alguns minutos à espera de acordar. Mas parece que foi mesmo assim, e o maior monstro deste semestre está arrumado. Agora faltam três menos maus, daqueles para os quais dá para estudar com companhia numa esplanada qualquer, daqueles que moem mas dificilmente matam. E estou a quinze dias de estar de férias e só me apetece cantar.

Thursday, June 20, 2013

Ei-la. A noite antes da oral chegou e promete ser igual a todas as noites antes de orais. Sei que estudei. Sei que estou preparada. Sei também que às vezes é uma questão de probabilidades...


Que a sorte esteja do nosso lado.

Sunday, June 16, 2013

No início da minha adolescência tinha ataques de ansiedade. Tudo começava com um problemazinho qualquer, uma coisa mínima, sem importância nenhuma, que eu sobrevalorizava e achava que não ia ter solução (os adolescentes pensam assim, muitas vezes). O problema é que, sem eu dar conta, começava a pensar em tudo o que podia correr mal, a todos os níveis. O meu problema deixava de ser aquela questão pequenina inicial, mas passavam a ser todas as questões possíveis e imaginárias. Nessa altura começava a hiperventilar, deixava de sentir as mãos e os pés e a ponta do nariz, começava a sentir a cabeça a andar à roda e, se não me deitasse e me acalmasse caía para o lado. Demorei muito tempo a perceber o que se passava. Fiz exames a tudo e mais alguma coisa, até se perceber o que era. Quando se soube fui encaminhada para um psicólogo, que entre outras coisas me ensinou a controlar os meus pensamentos, a não deixar que o pânico se instalasse. Foi nessa altura que me ensinou a imaginar que estava noutro sítio, um lugar que varia de pessoa para pessoa mas que, segundo ele, costuma ser algo como uma praia. E foi assim que comecei a saber lidar com o stress. Quando a minha cabeça começava a ficar cheia de problemas fechava os olhos e imaginava-me sentada na areia, numa praia em fortaleza ao final da tarde, com o sol a dar-me nas costas e uma aragem mais fresca a levantar ao de leve os meus cabelos. Por estranho que pareça, resultava. No início não era muito fácil, mas passado pouco tempo já conseguia chegar àquela praia quase instantâneamente. 

Os anos passaram e deixei de precisar disso. A minha adolescência acabou, tornei-me uma pessoa mais segura, menos pessimista, aprendi a controlar a minha cabeça e a rir-me quando começo a exagerar. Não sou uma pessoa ansiosa, nunca mais fui a um psicólogo e de vez em quando até me esqueço que algum dia fui assim. Numa das tardes que passei em São Tomé, por razão nenhuma, lembrei-me dessa história. Estavamos a voltar de um dos nossos passeios de domingo à tarde, nesse dia ao norte. Tínhamos as janelas abertas para não ligarmos o ar condicionado, e o calor ainda se fazia sentir. Não me lembro ao certo do que tinha vestido, mas era manga cava, e o sol aquecia-me o ombro esquerdo, de uma forma estranhamente agradável; tinha o cabelo solto, que voava apesar da baixa velocidade (quem conhece São Tomé sabe que ir a 60 km/h já é uma aventura). O Yu mudou a estação de rádio, e a 'She will be loved' começou a ressoar. Calámo-nos e assim ficámos até ao início do refrão, altura que as nossas vozinhas estridentes se juntaram à música. E foi aí que me lembrei de tudo o que vivi. Pensei quão incrível era alguém que outrora via o que podia correr mal em tudo estar ali, naquele país, num carro de um amigo que conhecia há uma dúzia de dias, a percorrer estradas esburacadas, vistas que não lhe diziam nada, mas que lhe traziam um sentimento tão aconchegante. E senti uma felicidade tão grande que não soltei uma lágrima por pouco. E senti uma felicidade tão grande que decidi: se algum dia voltar a precisar de um lugar para onde me transportar quando a minha cabeça começar a ficar demasiado cheia, é para este momento que venho. E, embora ainda não tenha precisado, de vez em quando volto lá. Fecho os olhos e volto a viver aquele momento: o sol a aquecer-me o ombro, o cabelo a voar, o Yu a mudar de estação, a 'She will be loved', as nossas vozinhas estridentes e as gargalhadas de todos assim que a música acabou. E nesse momento sou muito, muito feliz. 

Friday, June 14, 2013

Irmãos.






Cada vez mais acho que com os nossos irmãos somos sempre crianças: continuamos a guerrear por razão nenhuma, mas ai daquilo que se meta com eles. 

Thursday, June 13, 2013

O meu cérebro não funciona bem em vésperas de exames

por isso, se me apresentarem duas pessoas novas, uma portuguesa e uma não, e me deixarem com elas 30 segundos numa sala eu sou bem capaz de falar português com a pessoa que não pesca nada de português e responder em inglês quando o português me diz alguma coisa.


(É por essas e por outras que eu sou apologista de: se está uma pessoa que não fala português, toda a gente fala inglês que é para nos entendermos todos.)


(Também sou apologista de não ter pessoas que não conheço em minha casa em véspera de exames, mas isso é toda uma outra conversa)
Espectacular, espectacular é inscrever-me no elearning* de uma disciplina na véspera do exame.



*O elearning é uma plataforma onde algumas disciplinas põem os slides e isso. Em minha defesa, nós também pomos os slides num skydrive do ano (são é, geralmente, slides mais antigos).

Monday, June 10, 2013

Imaginação inconsciente

Ainda faltam 11 noites até à oral de Medicina II e o meu cérebro já conseguiu arranjar maneira de sonhar com duas formas de chumbar na oral (a de hoje envolveu ter uma doente com leucemia e perguntarem-me linfomas). Até estou curiosa para ver as formas que aí vêm...


(A Jo conseguiu sonhar que chumbavamos por nos perguntarem soros e alimentação parentérica, sendo que eu nem sabia que a oral era nesse dia. Não me parece que eu vá conseguir bater isso)

Saturday, June 8, 2013

Sou uma naba total no que diz respeito a gás, caldeiras, e outras coisas que tal. Quando andaram a distribuir a inteligência para essas coisas eu devia estar distraída e não sobrou nada para mim. Quando digo que sou naba, é naba mesmo. Naba ao ponto de não saber olhar para uma torneira do gás e ver se está ligada ou desligada. Quando tem aquele manípulozinho ainda sou capaz de pensar um bocadinho e fazer a comparação com o manípulozinho dos sistemas de soros e tentar 'adivinhar', mas na verdade nunca cheguei a perceber se funciona da mesma forma ou não. 

E porque é que digo isto agora? Porque resolvi vir fazer um retiro de estudo para a terrinha e estou sem água quente e sem fogão. E já liguei e desliguei torneiras, e tentei todas as combinações possíveis e imaginárias de posições das três torneirinhas, e nada! Até que desisti e vim estudar, porque a minha vida não é esta. 

O que vale é que tenho um sistema fantástico que me resolve estas situações. Chama-se 'telefonar ao Pai'. A única questão é que só serve fora do horário de trabalho... 

(Eu juro que quando viver numa casa sozinha vou fazer o meu próprio manual de instruções para este tipo de coisas)

Monday, June 3, 2013

Cinco razões que hoje me fazem sentir velha:
1- O meu afilhado mais novo já anda a escrever histórias clínicas
2- A minha 'caloirinha' já vem falar comigo sobre linfomas do Sistema Nervoso Central (como se eu soubesse alguma coisa sobre o assunto)
3- As coisas de jeito que constavam nos planos eleitorais das duas listas que concorrem à AE eram coisas que já não me vão ser úteis
4- Sexta-feira tenho um almoço chamado 'Adeus aulas de Medicina (às quais não fomos)'
5- Hoje foi o primeiro dia da minha última semana de aulas (de sempre!*)




*A não ser que faça um doutoramento ou assim, o que não está de todo nos meus planos

Sunday, June 2, 2013

-And if I have to go, will you remember me?



Hoje é dia de Tom Waits como banda sonora.
(Se não conhecem Tom Waits façam um favor a vós mesmos e procurem no youtube. Comecem pela If I have to go, And I hope that I don't fall in with you, You can never hold back spring e quando derem por vós até a Bad liver and a broken heart é bonita)