Sunday, August 24, 2014

Dos tempos difíceis

Este ano tem sido difícil. Difícil ao ponto de não conseguir descrever quão difícil está a ser. Estão a ver aquela altura do semestre em que têm demasiadas horas de aulas obrigatórias por dia e têm de estudar para um teste/frequência/o que quer que lhe chamem? Imaginem isso durante cerca de 8 meses, seguido de 5 meses de estudo 'tipo época de exames'. Juntem a isso o stress de estar toda a gente stressada à vossa volta (incluindo vocês mesmos), o facto de serem dependentes de bibliotecas e estas estarem a fechar uma por uma, e a vossa família e amigos não-de-medicina achar que estão a exagerar no estudo/na dificuldade do exame/ nas horas que dizem passar a estudar. É demasiado. Houve alturas em que julguei que estava a perder o juízo. Já chorei de desespero no meio da biblioteca (maldita terapêutica do mieloma múltiplo!). Já telefonei à minha mãe duas vezes seguidas para lhe dizer o mesmo por não me lembrar que já lhe tinha ligado, já deixei um café ficar frio porque não me lembrei de o tomar, e já me esqueci se tinha tomado café ou não. Estou cansada, ando cansada e a coisa não está para melhorar. Mas já faltam menos de 3 meses. E as pessoas têm ajudado, algumas pelo menos. Nos intervalos do estudo arranjam-se umas noites para beber umas somerbys e discutir o sexo dos anjos, uma horinha ou outra para dar um saltinho à praia, e fortalecem-se amizades, porque é nas alturas de desespero que isso geralmente acontece. E planeia-se a viagem final do curso, acrescentam-se items à to-do list do próximo ano (que creio já ter mais fins-de-semana ocupados do que aqueles que um ano tem), e tenta-se ignorar o facto de mais cedo ou mais tarde ter de se começar a pensar no hospital onde se vai entrar como médico pela primeira vez (faz de conta que ainda há muito tempo...). 

E no meio disto tudo o exame está quase aí (já faltam menos de 3 meses!)