Wednesday, December 28, 2011

Conforto.

Há alturas em que não consigo bem descrever aquilo que sinto. A única palavra que me ocorre é conforto. Sabes aquela sensação fantástica de acordar de manhã, estar um frio de rachar lá fora, e ficar na cama a engonhar? Esse tipo de conforto.

Sunday, December 25, 2011

'Este ano a minha avó não fez mexidos, o que quer dizer que toda a gente vai comer dos meus. Tenho medo...'
'Amanhã estão todos nas urgências.'
'És horrível!'
'Tu também. Estamos bem um para o outro, não é?'

Saturday, December 24, 2011

A lareira já está acesa, já há prendas debaixo da árvore, a mesa já está posta, os mexidos já estão feitos, na televisão já está a dar um filmezito qualquer, e não tarda nada começam a chegar os amigos para cumprir a tradição. Tudo indica que este vai ser mais um óptimo Natal. Espero que tenham todos tanta sorte como eu. Feliz Natal :)

Thursday, December 22, 2011

Acabei de marcar na minha agenda imaginária de Dezembro de 2014 uma festa na Biblioteca da Universidade Católica, para celebrar o fim do tormento.

Sim, isto é o mais próximo que eu tenho de vida social.

Monday, December 19, 2011

Publicidade de vôos para Amsterdão em Janeiro a 50 euros. Estão a gozar comigo, certo?

Sunday, December 11, 2011

Por que é que dizer "Tenho saudades tuas" é tão difícil?

Monday, December 5, 2011

Semana de um dia.

Eu sou tão fantástica que consigo começar e acabar a semana no mesmo dia. Sim, esta semana só tenho um dia de aulas. Sim, podemos considerar que tenho um fim-de-semana de.. hummm... SEIS dias! Roam-se de inveja!*




*Claro que estou quase a fechar-me no quarto, de luz apagada, a chorar ao som de Evanescence**, com saudades de Cirurgia, mas isso é um pequenino pormenor.

** Sim, eu tive uma fase de Evanescence. Sim, já me passou.

Monday, November 21, 2011

Pois que parece que a vida anda contra mim:

1- Algum dia vos disse que nas 48h antes de um teste/exame o meu feitio de merda se acentua? Não? Pois bem, ficam a saber que é verdade. A distância de segurança é de 2,5 metros.
2- Tinha pensado numa prenda fantástica para dar ao meu irmão no Natal. Pois bem, estava eu prontinha a encomendá-la quando olho para os portes: 50 euros. Pois, amigos, não vou pagar mais pelo transporte do que pela prenda em si. Não vou, não!
3- Depois de muito pensar e pesquisar encontrei uma óptima alternativa. Prontinha a encomendar, reparo que não enviam para a Europa
4- Tinha pensado numa óptima prenda para uma das minhas melhores amigas. Tinha piada e utilidade, um perfeito 2 em 1. Pego no telemóvel para perguntar à Nônô se sabia se ela já tinha e... engano-me a enviar a sms e envio para a Jo. Perfeito.
5- Tenho um compromisso marcado para este fim-de-semana. Basicamente um amigo meu que está fora vem a Portugal e queria aproveitar para estar algum tempo com ele. Ele chega na 6ª à noite e vai embora na 2ª-feira ao fim-do-dia. Adivinhem quando é um congresso (supostamente) xpto no Porto? E quando é o dia do voluntariado para o Banco Alimentar? E quando dava jeito à Professora de Neurologia que alguém fosse fazer banco? E para quando ficou marcada a minha manhã de consultas de cirurgia? E quando é que a minha mãe vem a Lisboa? E quando é que a minha prima cá vem ficar a casa? E quando... ? Adivinharam: para este fim-de-semana!

Se isto não é azar, não sei o que é.

PS: felizmente consegui alterar a data de grande parte das coisas que tinha para o fim-de-semana. Claro que continuo a ter a casa cheia, mas ao menos tenho algum tempo livre. (O cúmulo era não conseguir estar com ele na mesma... mas pronto)

Friday, November 11, 2011

Natal com frango em vez de perú

Não, este não é um post sobre a crise. É só que me sinto quase como se fosse Natal*. De manhã imprimi os capítulos que mais me interessam do livro de Cirurgia, e à tarde fui buscar a encomenda que a minha mãe mandou com o material de sutura. Tinha pensado esperar até amanhã mas não fui capaz. À vinda para casa passei pelo supermercado, comprei pernas de frango e tenho estado entretida desde então. 



Gastei dois dos doze fios e prometi que no máximo dos máximos uso mais um durante o fim-de-semana. Aiiiiiii, que vai custar tanto!

Ah, se calhar é importante mencionar que não vou comer esta perna de frango. Só para esclarecer qualquer dúvida que possa ter surgido.

*A grande diferença é que fui eu que paguei as fotocópias, e não tenho por hábito dar vinte e três euros por prendas que eu recebo.

Wednesday, November 2, 2011

No meu 1º ano, no segundo semestre de Anatomia, o meu Professor (que é muito grande e mau e metia um bocadinho de medo) disse várias vezes que não admitia que alguém dissesse auréola em vez de aréola, porque conseguia pensar numa série de pessoas que tinham aréola e não eram santas nenhumas.

Três anos mais tarde, eis-me a dizer a alguém que bem pode pôr a aréola que não é santo nenhum. Sim, aréola. Sim, enganei-me. Sim, se fosse outra pessoa qualquer ter-me-ia respondido com "pôr a aréola de quem e onde?", mas como é quem é limitou-se a dizer "Isso é cirurgia a mais"..

Saturday, October 29, 2011

Sabes, quando disse que tinha inveja dos teus amigos não estava a exagerar. Às vezes chego mesmo a ter inveja do ar que respiras.

Tuesday, October 25, 2011

Às vezes pergunto-me se a busca incessante por alguém não fará parte do meu carácter. E se, um dia encontrando alguém, não deixo de ser eu mesma para ser outra qualquer,

Sunday, October 23, 2011

A chuva já veio e a tarde vai ser acompanhada de um termo de café com leite, os apontamentos de Neurologia e música daqui. Sabe bem.

Friday, October 21, 2011

Tuesday, October 18, 2011

Noite de Fados

Não sou pessoa de Fados todos os dias, nem pouco mais ou menos. Mas às vezes sabe-me bem. Porque sou portuguesa e o Fado está dentro de mim, e de vez em quando é preciso sentar-me a uma mesa com um caldo verde, uma chouriça e uma fatia de broa, e ouvir cantar quem sabe.

Sunday, October 16, 2011

Imaginem a seguinte situação:

A Inês muito animada ao volante do seu carrinho com pouco mais de meio ano, estaciona no parque do supermercado. Sai do carro, olha para o estacionamento e pensa: está muito para fora, o nabo que pôs o carro à minha esquerda não o centrou no lugar e agora o meu fica de fora e depois, com a sorte que eu tenho, batem-me. É melhor procurar outro lugar. A Inês entra no carro, vê um lugar entre dois, em paralelo, à direita e pensa: É mesmo aqui! Não sei muito bem como, a Inês bate no carro do lado. A Inês tira o carro do sítio e vai pará-lo no lugar onde o tinha inicialmente. Telefona ao Pai (é isso que se faz quando se bate, certo?), que chega em 3 minutos e resolve a situação, combina com o dono do outro carro a que garagem é que ele o pode levar, porque lhe fazem um preço especial por causa dos carros da empresa. O Pai da Inês dá-lhe um beijo na testa, diz que estas coisas acontecem e vai-se embora. A Inês vai comprar a porcaria das meias de descanso que motivaram a ida ao supermercado e vai para casa.
Ao chegar a casa, a Inês diz à Mãe: Mãe, bati com o carro a estacionar. Ao que a Mãe responde: Muito tempo andaste tu sem bater com o carro!

Foi assim que percebi que não desiludi nenhum dos meus pais quando bati pela primeira vez, eles já estavam surpreendidos por eu nunca ter batido. De certeza que montaram um daqueles sistemas de apostas quando me deram o carro, para ver quanto tempo eu aguentava sem bater!

Friday, October 7, 2011

Querido mês de Outubro,


Eu sei que Julho, Agosto e Setembro devem passar a vida a dizer-te que as pessoas gostam mais deles do que de ti porque mimimi as férias de verão, e mimimi praia e sol, e mimimi calor e tal. Eu sei que sim, e que deve ser complicado estar sempre a ouvir isso, mas pelo amor a tudo o que é bonito nesta terra, 30º graus já tu vais a meio?! Poupa-me! Sê tu próprio e traz lá um bocadinho de frio, que isto já não se aguenta!

Beijinho,
Inês.

Wednesday, October 5, 2011

Sobre a sociedade, o amor e a vida.

A sociedade ensina-nos desde pequeninos que é suposto vivermos aos pares. Que um dos nossos objectivos de vida tem de ser arranjar alguém com quem partilhar todos os outros objectivos. Que devemos casar e ter filhos e fazer perdurar no tempo o nosso sangue e o nosso nome. Nada disto é obrigatório, mas arranjámos maneira de criticar em tom de gozo quem não o faz: falamos de solteirões, daqueles que ficam para tios, ... Os contos de fadas, os filmes da Disney, as histórias inventadas pelos pais e avós pegam nesta ideia e envolvem-na em magia. Falamos de casais felizes para sempre, com muitos filhos e muitos sorrisos para partilhar. O mau da fita fica sempre só. E assim nasce, em crianças muito pequenas, a ideia de que é preciso ter um namorado. E iniciam-se as brincadeiras de faz-de-conta, em que "faz-de-conta que eu sou uma senhora muito bonita e tu és um senhor muito forte e muito bonito e nós nos apaixonamos e tu perguntas se eu quero casar contigo e temos muitos filhinhos e vivemos felizes para sempre". (E a respostas passa inevitavelmente por um "E faz de conta que agora há uma guerra e morre toda a gente e ..." - os rapazes são sempre menos sensíveis aos contos de fadas do que as meninas...). Esta ideia de família perfeita em que o Marido traz o dinheiro para casa e a Mulher dá o útero e o amor perdura mais ou menos até ao 5º ou 6º ano, onde as raparigas tendem a ganhar a ambição de fazer mais do que ter filhos, e passam a sonhar com uma vida em que é possível conciliar tudo. Nesta altura os rapazes perdem a capacidade de ambicionar o que quer que seja, e quando o fazem é algo como "beber três cervejas seguidas", "dar um beijo à Rita de lá da turma" ou "conseguir copiar no teste sem a stôra dar conta". No secundário tendem a passar por uma fase em que até acham piada à Ciência, e "uma engenharia até era fixe", e conseguem arranjar algum tempinho para estudar nos intervalos de estar com a Teresa, que está tão apaixonada que voltou aos seus seis anos de idade, e só sonha em tirar um curso que não dê muito trabalho, casar e ter filhos.
Eu não me apaixonei a sério até ao último ano do liceu, e quando o fiz já tinha a Medicina tão enraizada na minha mente e no meu futuro que o sonho não se moveu nem um milímetro. Quando nos apaixonamos a valer, quer queiramos quer não, pensamos no futuro ao lado daquela pessoa; e comigo não foi diferente. Mas a dada altura tinha duas paixões incompatíveis, e acabei por ter de optar por uma delas. Fiquei sozinha e entrei em Medicina. E durante muito tempo não consegui deixar a sensação de que se estava sozinha era porque era a má da fita. A minha afilhada começou a pedir-me para lhe ler contos de fadas mais ou menos nessa altura, e eu voltei a achar que só podia ser feliz quando encontrasse alguém. E fui pouco feliz por isso durante bastante tempo.
Depois, cresci. Apaixonei-me no segundo semestre do primeiro ano da faculdade e um enorme desgosto fez-me repensar o meu modo de ver a vida. Estou-lhe muito grata por isso, fez-me sofrer mas ensinou-me a ver a vida com outros olhos. Desde então, sou feliz. Uns dias mais, outros dias menos. Continuo sozinha, eu e a Medicina. Continuo a ler romances e a ver comédias românticas e, de vez em quando, chego mesmo a acreditar em príncipes e em amor à primeira vista. Aprendi a estar e a gostar de estar sozinha, e da liberdade que isso me dá, embora não a goze tão frequentemente quanto isso. E um dia isso vai acabar; mais cedo ou mais tarde, vai acabar. Mas tenho vinte e um anos, e a probabilidade de a minha próxima relação não resultar é grande. Por isso escrevo isto, para me lembrar que um dia eu achei que não era possível ser feliz sozinha, e que a vida me ensinou a sê-lo. Bastou passar a ver a vida com outros olhos.

Tuesday, October 4, 2011

Não acreditem quando vos dizem aquelas baboseiras de "há autocarros, comboios, carros e aviões". Sim, essas coisas efectivamente existem. Mas quando não podem ser utilizados e ainda não há previsão para a sua utilização, e as coisas estão tudo menos definidas, o que acontece é que quando ele dá um passo em frente, tu dás um para trás, e quando tu dás um passo para a frente, ele dá um passo para trás.

Wednesday, September 28, 2011

Há um ano.

Foi há um ano. Foi há um ano que, com o corpo aquecido pelo excesso de álcool, resolvi procurar quem, por uma noite e não mais do que isso, me aquecesse a alma. Ele veio contra mim (mais tarde confessou que propositadamente, e por me ter reconhecido de algumas praxes de que tinha gostado) e isso foi o suficiente. Não me recordo se me passou alguma vez pela cabeça que estava prestes a ir contra os meus próprios princípios, apenas de ter posto os braços por cima da camisola de caloiro e ter dito: 'Olá, eu sou a Inês e acho que bebi um bocadinho mais do que o que devia'. Lembro-me que achei que a barba dele contra a minha face esquerda era estranhamente confortável, que senti que o seu ombro era de tal forma familiar que podia ali ficar durante horas. E fiquei. Começou por me dizer a frase que advertia para o facto de a minha alma não ir ser aquecida da forma que eu estava a contar, mas continuámos abraçados, a falar sobre tudo e sobre nada, e sobre a razão pela qual ambos precisávamos da alma aquecida naquela noite. Quando penso nisso acho engraçado. Procurava alguém que me aquecesse a alma por uma noite e encontrei alguém que me aquece um bocadinho a alma todos os dias e que não permite que arrefeça ao ponto de estar como estava nessa noite. Quando o vi hoje abracei-o como há um ano. "Olá, madrinha! Faz um ano que nos conhecemos. Obrigado!" A minha alma, morna, aqueceu um bocadinho e quase, quase correu uma lágrima pelo canto do olho. Vamos fingir que pelo excesso de álcool.

Tuesday, September 27, 2011

Dilema: Experimentação da PNS ou aula de Medicina Tropical?

Dispensa dada em despacho pelo director, tudo certinho e direitinho, com a experimentação das 9 às 18h e justificação das faltas das 9 às 13h. Até que, voilà!, a falta é justificada mas há na mesma desconto de pontos na corrida para o estágio espectacular-e-fantástico-e-era-mesmo-isto-que-eu-queria de um mês em África. Adoro estas coisas. Portanto agora é decidir o que é mais importante: ir ver o estilo da prova que provavelmente vou fazer daqui a três anos e que vai decidir a minha vida, ou ir a uma aula para não perder pontos e não ficar afastada da corrida para África. E tenho menos de 9 horas para decidir. Fantástico.

Não sei

exactamente do que é que toda a gente está à espera para me dizer que isto é uma enorme estupidez. É que não sei mesmo.

Friday, September 23, 2011

É engraçado,

estou há vinte minutos com isto aberto e escrevo e apago e escrevo e apago. E a única coisa que me ocorre é que isto é engraçado, sem ter graça nenhuma.

Wednesday, September 21, 2011

Estou muito feliz por tu teres nascido, ó!

Mesmo no fim do meu secundário, já com a candidatura feita e tudo, alguém me disse: "aproveita o Verão com os teus amigos, porque em Setembro vais para a faculdade e vais conhecer pessoas novas, e esses sim, vão ser teus amigos durante muito, muito tempo". Não acreditei mas aproveitei o Verão ao máximo com os meus amigos da terrinha, e continuei a fazê-lo até hoje. 
Na faculdade conheci pessoas fantásticas, pessoas que eu sei que vão ser para sempre, pessoas que entram no grupo das pessoas imprescindíveis, aquele grupo altamente selectivo. A Joana é uma delas. Não me recordo exactamente de quando é que a conheci, mas comecei a falar com ela com mais frequência porque, como tínhamos uma amiga em comum, acabámos por ficar na mesma turma. Na altura ela apresentou-se (por mensagem ou e-mail, não me recordo) mais ou menos assim: sou a Joana e tenho tendência para querer controlar tudo. Por isso vão receber imensos mails para discutirmos a escolha de horários. Okay, se calhar não foi bem assim, mas é assim que eu me recordo das coisas e essa é a minha verdade, por isso não reclamem, okay? Pronto. Li isso e pensei: Porra. No que eu me fui meter. E disse que não queria aulas até às 20h à sexta. 
Desde essa altura passámos por muita coisa. O segundo ano é dos mais difíceis do nosso curso, e talvez por isso grandes amizades tenham nascido na primeira época de exames desse ano. Estudámos e panicámos juntas quase todos os dias, e daí até nos tornarmos o que somos hoje foi um pulinho. Claro que foi preciso ela impôr-se em casa e conseguir autorização para ir à minha santa terrinha, mais tarde autorização para ficar em minha casa em Lisboa, umas quantas idas ao carro dela para chorar as injustiças da vida, uma ida ao Algarve e muitas, muitas gargalhadas, para chegarmos ao ponto em que o namorado dela acha que não vivemos uma sem a outra. E valeu a pena.
A Joana é das pessoas mais fantásticas que eu conheço (ficando atrás de mim mesma, como é óbvio), e hoje faz vinte e dois aninhos. Sim, leram bem, vinte e dois. A Joana faz vinte e dois anos e está feliz como já não estava há algum tempo, e merece isso e muito mais. Por isso, aqui fica um beijinho grande* de parabéns para ela. Gosto muito de ti, nabiça!


*Não acham ridículo estas coisas dos beijinhos grandes? Ou são beijinhos ou são grandes!

Sunday, September 18, 2011

Repito vezes sem conta que não existem príncipes ou contos-de-fadas, que a vida pura e simplesmente não funciona assim. E eis-me aqui, deitada no sofá de uma casa que é minha, a olhar para um episódio qualquer de uma série qualquer que não sigo, o quarto ou quinto desta tarde, com um pacote de leite com chocolate a chamar por mim do frigorífico, à espera de um príncipe que não vem, e de um conto-de-fadas que não vai acontecer. Eis-me aqui, com vinte e um anos, metade de um curso concluída, maquilhagem nos olhos e sapatos de salto alto a tentar parecer (a mim mesma?) que sou uma adulta. Eis-me aqui, criança presa num corpo de adulta, à espera de algo que sei que não vai acontecer. Ridículo, hum?

Às vezes sou mesmo tótó.

Tenho dito.

Às vezes sou mesmo tótó.

Tenho dito.

Monday, September 12, 2011

Pronto, já chega.

Venha de lá o Outono que já estou saturada de Verão...

Sunday, September 4, 2011

Cirurgiaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Imaginem lá que o vosso ano é, neste momentgo, constituído por 281 pessoas. Imaginem também que é preciso escolher a rotação pela qual começam e que o vosso número de ordem é o 274. Todos os vossos amigos mais próximos ficaram com bons números e escolheram Cirurgia, e as pessoas com quem falaram querem todas Cirurgia. Imaginem agora que ficam com a última vaguinha de todas de Cirurgia. Como é que se sentiam? É que eu estou EUFÓRICA! :)

CIRURGIA!


Ah, sim, o estágio está a ser uma caca. Oh well, não se pode ter tudo...

Friday, September 2, 2011

É engraçado como quando são os outros o caso muda logo de figura. Vivendo e aprendendo, Inês Francisca, vivendo e aprendendo.

Sunday, August 28, 2011

O saco de viagem azul escuro está meio aberto na entrada daquela que é a minha casa a maior parte do ano. De lá de dentro espreitam a bata, o estetoscópio salmão (não, aquilo não é cor-de-rosa!), os bikinis e o protector solar. Daqui a meia hora, mais coisa menos coisa, a Joana vem-me buscar e rumamos para Sul, prontas para quinze dias de estágio. E praia e galhofa, claro!

Saturday, August 20, 2011

Perguntas-me quantos dos meus amigos são pessoas imprescindíveis. Haverá alguém realmente imprescindível? E haverá alguém que não o seja?

Friday, August 19, 2011

Às 16:22 do dia 18 de Agosto de 2011 a minha vida podia ter mudado completamente. Não mudou, e fico muito feliz por isso. Ainda assim, passadas umas horas de ter saído do consultório médico, ainda dizia um "gosto de ti" sincero às pessoas com quem falava por uma qualquer razão.

Thursday, August 18, 2011

Racionalidade vs. Irracionalidade

Quem me conhece bem sabe que sou uma pessoa bastante racional. (Talvez até um pouco em demasia.) Penso antes de agir e dou por mim muitas vezes a perguntar para os meus botões "Qual é a probabilidade de isto acontecer?", e por norma o grau de preocupação é proporcional à probabilidade e à gravidade do possível problema. Não sou do género de estudante de medicina que acha que tem as doenças graves e estrambólicas  todas, ou pelo menos nunca o acho verdadeiramente. Por isso, hoje uma grande parte de mim pensa "Isto não é nada, tem calma.". Mas existe também uma pequena parte que está a fazer de tudo um grande filme, e tenho medo. Porque há alturas na vida em que percebemos que não somos imortais, que estar na área da saúde não nos torna imunes a nada. Porque, mesmo estando há relativamente pouco tempo em contacto com a doença e os doentes, já vi situações em que estava tudo bem até que pura e simplesmente deixou de estar. E hoje são esses casos que passam em câmara lenta na minha cabeça, e que me fazem um nó no estômago do tamanho de um pêssego, que me dificulta a respiração e me dá náuseas ligeiras. Hoje sou irracional e tenho medo. Hoje tenho medo. Hoje tenho medo.

Thursday, August 11, 2011

Se a realidade fosse um filme-de-domingo-à-tarde

teria havido uma despedida, algo fantástico, como uma corrida à última da hora para entrar no comboio e um segurança a dizer no altifalante do aeroporto 'Last call for the flight number 7843, to Lisbon', enquanto se roubava um beijo, ou algo simples, um post-it escrito mesmo antes de sair de casa: 'Gostei da Holanda e gostei de ti.'.
Se a realidade fosse um filme-de-domingo-à-tarde, teria passado a acreditar em paixão à primeira vista, e em relações à distância, e em relações.
Se a realidade fosse um filme-de-domingo-à-tarde ter-me-ia apaixonado e a viagem de regresso teria sido penosa, mas depois ficaria tudo bem, porque um filme-de-domingo-à-tarde é um filme-de-domingo-à-tarde e fica sempre tudo bem.
Mas a realidade não é um filme-de-domingo-à-tarde, é, simplesmente, o conjunto de todas as coisas reais. E nenhuma destas o é.

Por isso, na realidade, estive na Holanda e vim. E não tinha ninguém a deixar-me no aeroporto e não tive ninguém a ir-me buscar. A realidade é essa.
Não tenho ninguém.

Saturday, August 6, 2011

Viagens de Verão - Holanda

À chegada só se vêm rectângulos verdes, separados por linhas de água e casas salpicadas aqui e ali. Quando se dá a volta e nos aproximamos e se prepara o avião para se fazer à pista, a densidade de casa aumenta, começam-se a ver bicicletas, e tudo parecer magnífico. Ainda não estive em Amsterdão. Mal cheguei ao aeroporto meti-me num comboio que, em 22 minutos, me trouxe a Leiden e ao meu irmão. Ontem demos uma voltinha à noite, enquanto decidíamos onde íamos jantar* e gostei do que vi. 


A cidade é calminha, os edifícios são bonitos, e, como diz um deles, "quase dá vontade de ficar aqui para sempre". A decisão hoje é: Roterdão ou Amsterdão para ver a Gay Parade?

*- Decidir onde jantar com 3 rapazes que não jantam sempre juntos mas na última semana jantaram sempre fora é complicado: 'Pizza!', 'Comi ontem...'; 'Grego', 'Comemos na terça...', 'Kebab' 'Isso comi eu na terça!', 'Mc' 'Oh, dieta Bruce Lee.....'. Até que acabaram por comer spare ribs, que ninguém tinha comido nos últimos tempos.

Monday, August 1, 2011

Sobre Coelhos e Lontras


Eu sou uma pessoa simpática, a sério que sou. Mas, apesar do que a maioria das pessoas pensa, também sou uma pessoa relativamente tímida (que recentemente começou a corar com muito mais frequência, por tudo e por nada). Por isso, se estivermos no meio de uma dezena de pessoas e resolveres oferecer-me um coelho de chocolate em pleno mês de agosto, eu vou agradecer muito menos do que devia e vou-me limitar a corar e apenas dizer 'obrigada', apesar de achar que foi algo muito querido. Para além disso, também sou uma pessoa muito distraída. Por isso, se resolveres oferecer uma rosa a todas as raparigas que estão num dado jantar, é provável que eu no fim me esqueça dela.

E é assim que as pessoas ficam com a ideia de que eu sou uma pessoa horrível.

Thursday, July 28, 2011

- Uma das coisas que imagino é daqui a trinta anos estar ao volante de um jipe grande - um BMW, por exemplo - a levar os meus dois filhos, que estão sentados no banco de trás, de camisa branca e calças bege, ao colégio. Não sei porquê, mas é daquelas imagens que espero mesmo que se concretizem...





Parece que de repente acordámos todos para a vida e percebemos que há mais para além da medicina. Dou por nós a falar sobre o futuro, uns com um brilhozinho característico nos olhos a falar de monovolumes e, presumo, a imaginar toda uma família numa ida de férias, outros a comentar a roupa que vão vestir aos filhso ao domingo, quando forem à pastelaria da moda (depois da missa?), outros ainda a tentar atirar número de filhos "não quero só um. dois não era mau. três tem aquela chatice de que sofre a Inês - Síndrome do Filho Sanduíche. quatro não era mau, mas era bom se houvesse um par de gémeos!". 

Acho que é para provar que não somos tão crominhos assim.


Wednesday, July 27, 2011

Já perdi a conta ao número de melhorias que fui fazer durante o curso. Por norma tento fazer tudo na primeira fase e tento fazer melhoria a tudo na segunda fase, mas nem sempre o faço. Por isso, no semestre passado resolvi ir melhorar um exame de primeiro ano - tinha tido 17 mas era um exame de Ética, que eu achei que não seria muito difícil de subir. Quando foi feita a chamada eu só conseguia pensar: estás no 3º ano e estás a fazer um exame de 1º; é bom que isto não te corra muito mal, caso contrário vais ser gozada para o resto da vida. O exame não correu muito bem nem muito mal e acabei por ter 17 na mesma, muito mais do que a maioria dos caloiros. Hoje o pensamento não é muito diferente, com a agravante de que o exame é de Introdução à Clínica. Ou seja, é medicina. É medicina e eu estou a acabar um estágio de dois meses, onde andei a ver doentes com algumas das patologias que hoje saem no exame. Tenho mais do que obrigação de tirar uma boa nota.

(Até porque, muito honestamente, estudei muito mais para o exame de hoje do que para o do ano passado. Pormenores.)

Monday, July 25, 2011

Limitam-se a perguntar o que quero ser quando for grande, se já considerei trabalhar com velhinhos, que era boa era para tratar das criancinhas, que com a paciência que tenho devia ir para um Centro de Saúde. Perguntam e mandam palpites, um atrás do outro, “porque bom é na privada: trabalha-se menos e recebe-se mais!”, “o pior não são os gritos dos miudinhos, são as preocupações dos pais!”. Todos perguntam o que quero fazer. Ninguém pergunta quem quero ser; se perguntassem responderia que quero ser alguém que é acordada demasiado cedo a um domingo por um miúdo a pedir mimo, que enche uma caneca de café forte com um pingo de leite e lê as notícias do dia sentada ao lado de um filho que vê bonecos na televisão, com uma manta sobre as pernas e um bigode de leite com chocolate. Quero ser a pessoa que acorda o marido com um beijo na testa e vai trabalhar com um sorriso na face, no primeiro dia e em todos os anos seguintes; que faz jantaradas com os amigos, fala do que fomos e do que sonhamos, conta e ouve sobre os filhos e o mundo, bebe um bocadinho demais de quando em vez e canta as músicas da juventude e da juventude dos pais, por entre gargalhadas exageradas e brindes “à nossa!”. Se me perguntassem contaria que quero ter um cão, ou um gato (, ou ambos!), que quero fazer panquecas para o pequeno-almoço dos dias especiais, que quero um jardinzinho com amoras, framboesas e mirtilos apanhados entre beijos e goles num copo de limonada caseira com gelo e hortelã. Se alguém me perguntasse, diria isso e muito mais. Mas ninguém pergunta, ninguém quer saber. E por isso, quando alguém me pergunta o que quero ser quando for grande limito-me a dizer que ainda não sei. E sorrio.

Monday, July 18, 2011

'till it's six a.m. and I'm all messed up.

Preciso de um copo de uma coisa qualquer que me enebrie a alma e me faça desaparecer.

Tuesday, July 5, 2011

Uma pessoa é sincera e depois é isto...

"- Diz lá.
- Digo lá o quê?
- Não sei, às vezes mandas-me uns olhares como quem está a pensar mas não diz...
- Estou a pensar que és bonito.
- Pronto. E ainda gozas..."

Tuesday, June 28, 2011

"Bom dia! Dois café, um deles pingado, por favor!"

A frase repete-se todas as manhãs e já entrou na rotina, acompanhada pela partilha e discussão do jornal diário sensacionalista e o resumo dos planos e expectativas para as horas seguintes, enquanto caminhamos apressados para o nosso local de trabalho a fingir. Os dias, esses são todos diferentes, com cada doente com sua mania e alguns cirurgiões com as manias todas. Não escondo que tenho uma paixão pela urgência e pela enfermaria. Trocava a manhã de segunda-feira carregadinha de consultas por 24 horas de banco sem pensar duas vezes. Mas faz-se bem. Estou a gostar muito, ando completamente fascinada e consigo sentir os meus olhos a brilhar de cada vez que estou num bloco operatório. Mas já vai a meio. E sim, eu quero Verão a sério e praia a sério e não ter absolutamente nada para fazer. Mas isto já vai a meio e está a passar tão rápido e eu não quero mesmo que acabe.

Saturday, June 4, 2011

São dez e meia da noite e eu tenho uma mala para ir fazer. Tenho uma lista mental do que levar já com quase uma semana, à qual vou adicionando cada vez mais coisas. Tenho perto de quinze quilos de livros, entre livros de consulta e estudo para o estágio, livros de consulta e estudo para o exame de segundo ano que vou melhorar e literatura de lazer. Tenho dois bikinis e duas toalhas de praia. Uma máquina fotográfica e um bloco de notas. Um estetoscópio e duas batas. E algum (significativo) receio. E muita, mas muita expectativa.

Sunday, May 22, 2011



Adoro aquela barba-de-dois-ou-três-dias que dá aos homens (e a alguns em particular) um ar tão perfeitamente desgrenhado. Ligeiramente atrás fica a barba acabada de fazer e o cheiro a after-shave que me impede de concentrar no estudo e me faz levantar a cabeça dos livros e sorrir a cada trinta segundos.

Por falar em coisas que adoro, sabem o que é que eu adorava mesmo, mesmo? Ver uma nota positiva em frente ao meu nome amanhã na pauta de Oncobiologia. Isso é que era.*

*Já agora o resto do pessoal também podia ter. Só para irmos à gala.

Tuesday, May 3, 2011

Surpreende-me o facto de, de vez em quando, a Inês de 13 anos ainda dar sinais de si, mesmo que só por algumas horas.