Wednesday, September 28, 2011

Há um ano.

Foi há um ano. Foi há um ano que, com o corpo aquecido pelo excesso de álcool, resolvi procurar quem, por uma noite e não mais do que isso, me aquecesse a alma. Ele veio contra mim (mais tarde confessou que propositadamente, e por me ter reconhecido de algumas praxes de que tinha gostado) e isso foi o suficiente. Não me recordo se me passou alguma vez pela cabeça que estava prestes a ir contra os meus próprios princípios, apenas de ter posto os braços por cima da camisola de caloiro e ter dito: 'Olá, eu sou a Inês e acho que bebi um bocadinho mais do que o que devia'. Lembro-me que achei que a barba dele contra a minha face esquerda era estranhamente confortável, que senti que o seu ombro era de tal forma familiar que podia ali ficar durante horas. E fiquei. Começou por me dizer a frase que advertia para o facto de a minha alma não ir ser aquecida da forma que eu estava a contar, mas continuámos abraçados, a falar sobre tudo e sobre nada, e sobre a razão pela qual ambos precisávamos da alma aquecida naquela noite. Quando penso nisso acho engraçado. Procurava alguém que me aquecesse a alma por uma noite e encontrei alguém que me aquece um bocadinho a alma todos os dias e que não permite que arrefeça ao ponto de estar como estava nessa noite. Quando o vi hoje abracei-o como há um ano. "Olá, madrinha! Faz um ano que nos conhecemos. Obrigado!" A minha alma, morna, aqueceu um bocadinho e quase, quase correu uma lágrima pelo canto do olho. Vamos fingir que pelo excesso de álcool.

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