Monday, July 25, 2011

Limitam-se a perguntar o que quero ser quando for grande, se já considerei trabalhar com velhinhos, que era boa era para tratar das criancinhas, que com a paciência que tenho devia ir para um Centro de Saúde. Perguntam e mandam palpites, um atrás do outro, “porque bom é na privada: trabalha-se menos e recebe-se mais!”, “o pior não são os gritos dos miudinhos, são as preocupações dos pais!”. Todos perguntam o que quero fazer. Ninguém pergunta quem quero ser; se perguntassem responderia que quero ser alguém que é acordada demasiado cedo a um domingo por um miúdo a pedir mimo, que enche uma caneca de café forte com um pingo de leite e lê as notícias do dia sentada ao lado de um filho que vê bonecos na televisão, com uma manta sobre as pernas e um bigode de leite com chocolate. Quero ser a pessoa que acorda o marido com um beijo na testa e vai trabalhar com um sorriso na face, no primeiro dia e em todos os anos seguintes; que faz jantaradas com os amigos, fala do que fomos e do que sonhamos, conta e ouve sobre os filhos e o mundo, bebe um bocadinho demais de quando em vez e canta as músicas da juventude e da juventude dos pais, por entre gargalhadas exageradas e brindes “à nossa!”. Se me perguntassem contaria que quero ter um cão, ou um gato (, ou ambos!), que quero fazer panquecas para o pequeno-almoço dos dias especiais, que quero um jardinzinho com amoras, framboesas e mirtilos apanhados entre beijos e goles num copo de limonada caseira com gelo e hortelã. Se alguém me perguntasse, diria isso e muito mais. Mas ninguém pergunta, ninguém quer saber. E por isso, quando alguém me pergunta o que quero ser quando for grande limito-me a dizer que ainda não sei. E sorrio.

1 comment:

  1. Fixe fixe é ser como eu e não precisar de perguntar porque já sei isso tudo:)
    Gostei;)

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