Friday, August 13, 2010





" - Quando nos encontrámos pela primeira vez, na universidade, antes de nos tornarmos ... amigos... bem, eu tinha um fraquinho por ti. Não era bem um fraquinho. de facto, era um fraquinho gigantesco. Durante tempos infinitos. Escrevia poemas palermas e tudo.
- Poemas, a sério?
- Não me orgulho disso. 
- Estou a ver, estou a ver - Ele cruzou os braços, assentou-os no rebordo da mesa e olhou para baixo. - Bem, lamento, Em, mas isso não conta.
- Não, porquê?
- Porque disseste que tinha de ser alguma coisa que eu não soubesse.
Ele sorria, e ela mais uma vez foi recordada da capacidade quase ilimitada que ele tinha de a desiludir.

(...)

- Então, o que aconteceu?
Ela olhou para o fundo do copo.
- Imagino que seja uma coisa que se ultrapassa com o tempo. Como o herpes zóster.
- Não, a sério, o que aconteceu?
-Comecei a conhecer-te. Tu curaste-me de ti."

Um dia, David Nicholls


Leio livro atrás de livro, tal como nos bons velhos tempos. Acabam em poucas horas, desde que decida dar descanso à internet e à televisão. Nada de muito sonante, literatura ligeira, que o cérebro teima em queixar-se de cada vez que tento ler algo mais. Ontem entrei na Pretexto da Rua da Paz, olhei para a prateleira de livros recomendados e vi um único exemplar de 'Um dia'. No dia anterior tinha estado no café até à uma e meia da manhã com um sentimento de nostalgia a envolver todos à minha volta (a dada altura começámos a sentir-nos velhos e fugimos para a discoteca. Pormenores.), e ainda não me tinha abandonado completamente. Peguei no livro e vi que se tratava da evolução de dois amigos ao longo de vinte anos. Consegui perceber que havia muitas discussões à mistura, e perguntei-me se estaria pronta para ele. Paguei-o e saí. Acho que isso significa que sim. Comecei-o ontem à noite e identifiquei-me imediatamente com a personagem principal. Agora, secretamente, desejo que eles não fiquem juntos. Só porque eles são amigos e não é suposto.


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