Monday, April 22, 2013

Há tempos um amigo meu disse-me que ouviu uma colega minha com quem eu estava a fazer um trabalho de grupo a dizer que eu era muito exigente, talvez exigente de mais para aquilo que o trabalho valia. Não vou mentir, sou exigente. Mas não sou mais exigente com os outros do que o que sou comigo mesma. Sempre fui assim. No ciclo toda a gente queria trabalhar comigo para ter boa nota, até perceberem que comigo tinham de trabalhar e que eu não fazia o trabalho por ninguém. No secundário a minha turma era melhorzinha, os grupos de matemática eram feitos pela professora pelas notas do teste anterior, e para os outros grupos juntávamo-nos sempre meia-dúzia com mais ou menos os mesmo objectivos, pelo que as coisas corriam bem. A única excepção foi um trabalho facultativo de biologia, em que o professor fez os grupos. Um dos elementos do meu grupo não apareceu em reunião nenhuma, o que fez com que decidíssemos não pôr o nome dele no trabalho. Não foi sugestão minha, mas eu concordei. Toda a turma ficou chocada, mas eu continuo a achar que foi a decisão correcta: o trabalho era facultativo, tínhamos todos 17 anos e só andava ali quem queria. Ele não foi prejudicado, só não foi beneficiado. Desde essa altura que não gosto de trabalhos de grupo.
A faculdade veio aumentar esse sentimento. Já apanhei de tudo: pessoas que não sabem nem querem saber, pessoas que até querem saber mas não sabem nada, pessoas que sabem e querem saber. Alguns correram bem, outros correram menos bem. Trabalhei algumas vezes pelos outros. Até que me fartei e decidi que não o ia fazer mais: saímos todos médicos e eu não tenho obrigação de fazer mais do que os outros. A verdade é que há semestres em que é difícil gerir o tempo, entre o que se gasta em aulas, no estudo, e nos trabalhinhos de grupo, as 24 horas do dia parecem não chegar, e ainda há que juntar a isso alguma vida pessoal. Apesar de tudo a faculdade é a minha prioridade, e o tempo para a vida pessoal é o que sobra quando o resto está feito. Nem toda a gente pensa assim, e isso custa-me a perceber, porque para mim há um princípio básico: a vida pessoal das outras pessoas tem o mesmo valor do que a minha.

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