Thursday, March 21, 2013

Eis o que acontece quando numa qualquer manhã se resolve usar meios de transporte que não os habituais. Ambas as situações se passaram no Cais do Sodré.

Um homem qualquer de 20 e muitos anos, que eu nunca vi na vida, toca-me no ombro.
Ele: Desculpa, podias-me dar o teu número de telefone?
Eu: Desculpe?! Para que quer o meu número?!
Ele: Acho que é um bocado óbvio...
Eu: Não vejo o que há de óbvio nisso. Para além do mais sou casada. Tenha um bom dia.




Uma mulher com 60 e tal anos que, tal como na situação anterior, eu nunca vi na vida começa, do nada, a falar comigo na paragem do autocarro.
Ela: Aquele mocinho dos Açores ou Madeira continua desaparecido, não continua?
Eu: Desculpe?
Ela: O mocinho dos Açores, que desapareceu aqui no Cais do Sodré. Não chegou a aparecer, pois não?
Eu: Acho que não.
Ela: É tão triste. Já viu? Vem passar férias e desaparece.. É como aquela miúda inglesa. Mas essa eu tenho cá para mim que anda na pedofilia. De certeza. Este miúdo é que não sei. Mas se me perguntassem eu acho que foram as prostitutas. Lá o viram a pagar a conta da discoteca, viram que tinha dinheiro e alguém o seguiu. Sim, porque nas imagens da discoteca vê-se que ele sai sozinho... Viu as imagens?
Eu: Não, não vi..
Ela: E aquele homem de 69 anos que desapareceu na semana passada? Que se meteu no carro e se perdeu? Também não percebo.. Se teve cabeça para ir até não sei onde, não teve cabeça para voltar?! Tinha 69 anos, não tinha 80.
E isto continuou durante os 10 minutos em que estive à espera do autocarro. Acho que a senhora deve ter falado de todas as pessoas desaparecidas dos últimos 20 anos. Quando vi que ia para o mesmo autocarro que eu ia morrendo. O que vale é que se sentou nos lugares prioritários, e eu disse que preferia andar na parte de trás.

É por estas e por outras que eu gosto muito do meu metro e de andar bem cedinho. Assim não tenho ninguém a chagar-me a alma.

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